Javali gigante de 300 Kg é abatido e acende alerta sobre espécie invasora

Na última semana, um javali de proporções impressionantes foi abatido na zona rural de João Pinheiro, no Noroeste de Minas Gerais. Com mais de 300 quilos, 2,4 metros de comprimento e 1,55 metro de altura, o animal foi localizado após mais de cinco quilômetros de rastreamento, com o auxílio de cães farejadores equipados com GPS, em uma área próxima a uma usina de cana-de-açúcar.

Segundo Ronaldo Simões, instrutor responsável pela ação, o javali apresentava marcas de ferimentos, indicando possíveis disputas com outros indivíduos de grande porte. O fato levanta a suspeita da presença de outros javalis gigantes na região, o que tem gerado preocupação entre agricultores e especialistas.

Controle Legal e Impacto Ambiental

A caça foi realizada de forma legal e controlada, conforme Simões, com todos os caçadores devidamente registrados como CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) e com autorização ambiental válida. Desde 2013, o Ibama autoriza o controle da espécie, classificada como exótica invasora, devido aos riscos que representa para a biodiversidade, a agricultura e os recursos hídricos.

São uma praga, não têm predador natural e causam estragos imensos”, destaca Simões. Ele reforça que, sem controle populacional, a reprodução acelerada dos javalis pode comprometer ecossistemas inteiros e provocar graves prejuízos econômicos.

De acordo com o Ibama, a espécie já está presente em ao menos 15 estados brasileiros e integra a lista das 100 piores espécies invasoras do mundo, segundo a União Internacional de Conservação da Natureza (UICN). Os javalis são responsáveis por perdas em lavouras, degradação de nascentes e desequilíbrio ambiental, afetando a fauna e flora nativas.

Decisão do STF Pode Comprometer Manejo

O abate controlado de javalis, no entanto, pode estar ameaçado. Está em análise no Supremo Tribunal Federal (STF) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7.379, proposta pelo PSOL, que questiona as normas federais que regulamentam a caça da espécie.

Caso o STF declare as normas inconstitucionais, o manejo legal poderá ser interrompido em todo o país. A possibilidade preocupa produtores e ambientalistas. “Sem esse tipo de controle, vai ser um desastre. Eles se multiplicam rapidamente e não temos como conter isso apenas com cercas e espantalhos”, alerta Simões.

A situação reforça a necessidade de equilibrar proteção ambiental e segurança ecológica, utilizando ferramentas legais para o controle de espécies invasoras — principalmente aquelas que já colocam em risco a segurança alimentar, a biodiversidade e a economia rural.

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