O juiz Yale Sabo Mendes, da 7ª Vara Cível de Cuiabá, manteve a condenação de Taiza Tosatt Ratola, conhecida como “Musa da Pirâmide”, de seu ex-marido, o ex-policial federal Ricardo Mancinelli Ratola, e do médico Diego Rodrigues, todos acusados de integrar um esquema de pirâmide financeira que causou prejuízo a dezenas de pessoas em Cuiabá.
Os três haviam ingressado com embargos de declaração contra a decisão que os condenou a ressarcir uma das vítimas, identificada pelas iniciais R.A.T, mas o magistrado negou o recurso e reafirmou a responsabilidade solidária dos réus no pagamento da dívida.
De acordo com o processo, R.A.T investiu R$ 105 mil em maio de 2021, após convite de Ricardo Ratola para participar de uma sociedade empresarial. Foi prometido um retorno mensal de 5% sobre o valor aplicado. Os rendimentos chegaram a ser pagos durante quatro meses, mas cessaram logo depois. Em dezembro de 2021, o contrato foi rescindido, porém os valores devidos nunca foram devolvidos.
Na sentença, o juiz reconheceu que a vítima foi enganada em uma fraude financeira caracterizada como pirâmide financeira, com promessas de lucros fáceis e acima da média de mercado. A decisão determinou a rescisão do contrato e condenou Taiza, Ricardo, Diego e a empresa TR Investimentos e Intermediação ao pagamento de R$ 175.723,21, além de rendimentos vencidos, corrigidos monetariamente e com juros.
Os embargos de declaração apresentados pelos réus tentavam contestar a condenação solidária — que permite exigir o valor integral da dívida de qualquer um dos condenados —, mas foram rejeitados. O juiz reforçou que a responsabilidade de todos no esquema foi devidamente comprovada.
Taiza Ratola, Ricardo Ratola e Diego Rodrigues foram alvos da Operação Cleópatra, deflagrada em 2018, que desmantelou o esquema de pirâmide financeira. A operação cumpriu mandados de prisão, busca e apreensão, além de bloqueios de bens em Cuiabá, Jaciara, Rondonópolis e Sinop. Segundo as investigações, os prejuízos causados pelo grupo ultrapassaram R$ 2,5 milhões.
Taiza era apontada como líder do esquema e utilizava as redes sociais para atrair investidores, prometendo rendimentos de até 6% ao mês e ostentando uma imagem de sucesso e especialização em investimentos. O ex-policial federal atuava como gestor de negócios da empresa, enquanto o médico ocupava o cargo de diretor administrativo.
A decisão reforça a responsabilização civil dos envolvidos e abre caminho para a continuidade das execuções para ressarcimento das vítimas.