Você já pensou o que aconteceria com sua empresa se um sócio morresse hoje? Ou pior: se ele decidisse vender a parte dele para um desconhecido? Parece exagero, mas essa é a realidade de milhares de empresas que, por negligência ou descuido, ignoram um dos documentos mais importantes para a sobrevivência do negócio: o acordo de sócios.
Enquanto o contrato social registra a empresa no papel, é o acordo de sócios que determina, na prática, como ela funciona. Quem decide, quem pode sair, quem entra, quem compra, como se calcula o valor das cotas, o que acontece em caso de morte, litígio ou impasse. Sem esse documento, tudo vira um jogo de suposições perigosas.
Muita gente acredita que nunca vai precisar disso. “A gente confia um no outro”, dizem. Até o dia em que um quer vender a parte dele para um estranho, e o outro não tem como impedir. Ou quando um morre, e a empresa ganha herdeiros sem experiência, sem afinidade, sem o menor interesse — ou pior, com interesses completamente contrários. O que era uma sociedade sólida se transforma em um campo de guerra.
Empresas param, negócios travam, decisões não são tomadas e tudo entra em colapso. Sem um mecanismo de desempate, até uma simples divergência sobre uma estratégia pode arruinar meses ou anos de trabalho. Isso não é teoria, é o que acontece todos os dias nos tribunais empresariais. Acordos não assinados, cláusulas inexistentes, sócios desesperados tentando consertar o que já está quebrado.
E o mais irônico? Tudo isso poderia ser evitado com um único documento. Sim, o acordo de sócios é aquele item que quase ninguém faz, mas que pode salvar uma empresa da falência. Ele é planejamento, é prevenção, é maturidade empresarial. Não é sinal de desconfiança — é sinal de responsabilidade.
A verdade é uma só: o melhor momento para fazer um acordo de sócios é quando tudo vai bem. Porque, quando a crise chega, o prejuízo já é certo — e, muitas vezes, irreparável.
Se sua empresa ainda não tem esse documento, talvez seja a hora de parar tudo e repensar. Porque ignorar isso é brincar com o próprio futuro. E no mundo dos negócios, quem não se protege… está pedindo para perder.
Dr. Ledson Catelan
Advogado e Professor Universitário (Unemat BBU)
Especialista em Direito Empresarial, Bancário, Família e Trabalhista
Mestre em Direito Coletivo e Cidadania
@ledsoncatelanadvocacia