O Consórcio Dunas, formado pelo Grupo Cataratas e a Construcap, venceu a concessão dos serviços de apoio à visitação no Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará. A licitação foi realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), e prevê a exploração turística do parque pelos próximos 30 anos, com investimentos previstos de R$ 116 milhões em infraestrutura.
A Construcap é presidida por Roberto Ribeiro Capobianco, que foi alvo da Operação Lava Jato em 2016, na fase conhecida como Operação Abismo. Ele e o irmão, Eduardo Capobianco, foram investigados por suspeita de participação em esquema de pagamento de propinas nas obras do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), mas ambos foram absolvidos em 2020 pelo TRF-4.
Além do histórico, pesa no caso o fato de Roberto ser irmão de João Paulo Capobianco, atual secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente. Embora não tenha relação com a Construcap, o secretário é sócio do irmão na Goiasa Goiatuba Álcool Ltda., empresa do setor sucroalcooleiro com capital social de R$ 267,7 milhões.
O edital da concessão foi publicado em setembro de 2023 e o leilão ocorreu em janeiro de 2024, na B3. O Consórcio Dunas ofereceu R$ 61 milhões, mais que o dobro da oferta do segundo colocado, o Consórcio Nova Jericoacoara, que propôs R$ 25 milhões. O valor mínimo de outorga era de R$ 7 milhões.
Em nota, o Grupo Cataratas, que falou pelo consórcio, afirmou que a licitação ocorreu com “total transparência” e destacou que o projeto prevê melhorias na infraestrutura e ações de conservação ambiental, além de estímulo à economia local.
O ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente também se manifestaram, ressaltando a regularidade do processo e o histórico de concessões semelhantes em unidades de conservação no país. A área, que ainda está em fase de transição para o novo modelo de gestão, deve começar a cobrança de ingressos sob administração privada nos próximos meses.