Em menos de dois dias, a Polícia Federal revelou dois esquemas distintos de fraudes que escancararam a fragilidade dos mecanismos de concessão de benefícios sociais no Brasil. As operações, realizadas nesta quarta (23) e quinta-feira (24), resultaram em prisões, bloqueio de bens e reforçaram a urgência de revisão nos controles do sistema previdenciário e assistencial.
Fraude a benefício para idosos venezuelanos
Na quinta-feira (24), a Operação Cessatio desarticulou uma rede criminosa que fraudava o Benefício de Prestação Continuada (BPC-Loas) em Roraima. O grupo, formado por advogados, agenciadores e até um delegado aposentado, cooptava idosos venezuelanos para formalizar pedidos fraudulentos de benefício assistencial, destinado a pessoas idosas em situação de vulnerabilidade.
Os estrangeiros eram trazidos da Venezuela até o Brasil apenas para dar entrada no benefício, utilizando documentos falsos e cadastros manipulados. Em muitos casos, retornavam ao país de origem mesmo após o início dos pagamentos. O prejuízo estimado aos cofres públicos chega a R$ 16 milhões.
A PF cumpriu 14 mandados de busca e apreensão em Boa Vista e Pacaraima, atingindo sete escritórios de advocacia e oito investigados. Essa foi a sexta operação na região voltada a fraudes no BPC, evidenciando o uso de imigrantes em situação de vulnerabilidade por organizações criminosas.
Golpe nacional no INSS e rombo bilionário
Na véspera, outra operação de grande porte, coordenada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), desarticulou uma fraude envolvendo associações de fachada que, sem consentimento dos aposentados e pensionistas, realizavam descontos indevidos em seus benefícios.
As entidades se apresentavam como prestadoras de assistência jurídica e convênios, mas não ofereciam os serviços prometidos. O esquema gerou um rombo de R$ 6,3 bilhões ao INSS. Como resultado, cinco servidores foram afastados e o então presidente do instituto, Alessandro Stefanutto, foi exonerado.
Além disso, carros de luxo, joias e dinheiro em espécie foram apreendidos. Os envolvidos responderão por crimes como estelionato majorado, associação criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Orientação aos beneficiários
A Polícia Federal orienta aposentados e pensionistas a conferirem regularmente seus extratos no site ou aplicativo Meu INSS. Em caso de descontos não autorizados, é possível solicitar o bloqueio ou exclusão por meio da plataforma ou pela Central 135.
As investigações seguem em andamento.
