O Brasil está vivenciando um colapso empresarial ou apenas uma reconfiguração inevitável? Com o recorde de 162 pedidos de recuperação judicial em janeiro de 2025, um aumento de 8,2% em relação ao ano passado, o cenário parece alarmante. Mas e se, ao invés de um sinal de falência iminente, essa tendência indicasse um caminho estratégico para reestruturação e sobrevivência?
As micro, pequenas e médias empresas lideram essa corrida, com um crescimento de 79% nos pedidos, enquanto o setor agropecuário amarga um aumento de 236%. Para Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, a crise de crédito e os juros elevados são os grandes vilões: “Muitas empresas estão sem alternativas de financiamento e acabam recorrendo à Justiça como um último recurso. Mas para algumas, essa pode ser uma solução viável e bem planejada”.
Grandes Empresas Caindo, Pequenos Negócios Resistindo
O segundo semestre de 2024 provou que nem mesmo grandes nomes estão imunes à crise. A Bombril e o grupo Montesanto Tavares, por exemplo, entraram com pedidos de recuperação judicial para reorganizar suas dívidas bilionárias.
Rodrigo Gallegos, especialista em reestruturação, vê um movimento que pode ser interpretado como uma transformação do mercado: “As empresas estão aprendendo a usar a recuperação judicial como uma ferramenta, e não como uma sentença de morte. A chave é planejamento e negociação com credores”.
Recuperação Judicial: Vergonha ou Salvação?
O tabu em torno da recuperação judicial ainda existe, mas precisa ser revisto. “Não é um atestado de fracasso, é um mecanismo para que empresas viáveis possam se reorganizar e continuar operando”, defende Marcello Lauer, advogado da Grand Hill.
Hellen Durães, do Durães & Barros Advogados, reforça que o problema não está na recuperação judicial em si, mas na falta de planejamento das empresas que recorrem a ela: “Se feita sem estratégia, a recuperação judicial pode ser apenas um adiamento do inevitável. Mas com um plano estruturado, ela pode significar um novo começo”.
A Verdadeira Solução: Profissionalização e Mudança de Mentalidade
O maior desafio das empresas brasileiras é a profissionalização da gestão. Pequenos e médios empreendedores precisam abandonar a ideia de que a recuperação judicial é sinônimo de falência e começar a enxergá-la como uma ferramenta de reorganização.
O empresariado nacional precisa se adaptar a uma nova realidade econômica. Enquanto o crédito continuar restrito e os juros sufocarem os negócios, a recuperação judicial pode ser a melhor alternativa para manter as portas abertas e evitar um colapso ainda maior no mercado. A escolha é clara: se adaptar ou sucumbir.
Dr. Ledson Catelan
Advogado e Professor Universitário (Unemat BBG)
Esp. Direito Empresarial, Família e Sucessões, Trabalhista e Bancário
Mestre em Direito