O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou neste domingo (13) que ao menos 245 cavalos morreram no Brasil após consumirem ração contaminada com a substância tóxica monocrotalina. As mortes foram registradas nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas.
De acordo com nota da pasta, a contaminação foi identificada nas rações fabricadas pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda, após resíduos de plantas do gênero crotalaria — conhecidas por produzirem monocrotalina — terem sido encontrados na matéria-prima do produto. O caso é considerado inédito em rações para equinos.
As análises foram feitas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA). Em todas as propriedades investigadas, os cavalos que consumiram a ração da Nutratta adoeceram ou morreram, enquanto os animais que não ingeriram o alimento permaneceram saudáveis, mesmo dividindo o mesmo espaço.
A denúncia inicial contra a empresa foi registrada na ouvidoria do ministério em 26 de maio. Desde então, o Mapa instaurou processo administrativo fiscalizatório, lavrou auto de infração e determinou a suspensão cautelar da fabricação e comercialização de todas as rações da empresa, não apenas as destinadas a equinos. Apesar disso, a Nutratta conseguiu na Justiça autorização para voltar a produzir rações para outras espécies — medida que está sendo contestada pelo governo, que reforça o risco sanitário.
Em nota, a Nutratta declarou que se solidariza com os afetados e que optou por não se manifestar de forma precipitada, concentrando seus esforços em uma apuração técnica rigorosa. A empresa diz colaborar com os órgãos competentes e reforçar os controles internos. “A Nutratta permanece à disposição de todos os clientes, distribuidores e profissionais para qualquer esclarecimento necessário”, afirmou.
Cavalo avaliado em R$ 12 milhões entre os mortos
Entre os equinos mortos, está o garanhão mangalarga marchador Quantum de Alcatéia, avaliado em cerca de R$ 12 milhões. Segundo a advogada Maria Alessandra Agaruss, ele teria potencial de gerar lucros de até R$ 30 milhões em uma década. Ela também afirma que outros cavalos e éguas premiados, além de animais comuns, foram vítimas da ração contaminada.
Os sintomas relatados nos cavalos incluem desorientação, alterações de comportamento, dificuldades de locomoção, perda de apetite e prostração.
As investigações seguem em andamento, e o caso mobiliza criadores, veterinários, órgãos de defesa sanitária e representantes do setor agropecuário.