O diabetes mellitus é uma das doenças crônicas mais comuns no Brasil e representa um desafio crescente para a saúde pública. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Federação Internacional de Diabetes (IDF), cerca de 16,6 milhões de brasileiros entre 20 e 79 anos vivem com a condição, colocando
o país na sexta posição mundial em número de casos. Estimativas recentes indicam que o total pode chegar a 20 milhões, com prevalência maior entre mulheres (11,1%) do que entre homens (9,1%) e cerca de 30% da população acima de 65 anos afetada.
Embora não seja contagiosa, a doença traz sérios riscos à saúde. Entre as complicações mais graves estão o aumento do risco de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame, já que a glicose em excesso prejudica os vasos sanguíneos e acelera a formação de placas de gordura nas artérias. A professora e enfermeira da Escola Técnica Estadual de Cáceres, Eliane Duarte, comenta: “Muitas clientes
não percebem que o diabetes afeta o coração. O controle da glicemia vai muito além de números; é também proteção para o corpo inteiro.”
O “Pé em risco ou Pé diabético”, conforme a Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a IWGDF – International Working Group on the Diabetic Foot”, é outra consequência frequente da doença. Pequenas feridas que não cicatrizam podem evoluir para infecções graves e, em muitos casos, amputações. Dados do
Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que o diabetes é responsável por mais de 28 amputações de membros inferiores por dia no Brasil, sendo a principal causa de amputações não traumáticas. Sobre isso, a professora Eliane explica: “O pé diabético é uma das complicações mais sérias. É impressionante como um
machucado simples pode se tornar um risco real de vida. A inspeção diária dos pés é essencial.”
Além do impacto humano, o diabetes impõe um peso econômico significativo. Estima-se que o Brasil gaste cerca de US$ 45 bilhões anuais no tratamento da doença e de suas complicações, incluindo internações, medicamentos, cirurgias, hemodiálise e perda de produtividade, segundo o Atlas do Diabetes da IDF. A
doença também está entre as principais causas de morte e invalidez, frequentemente associada a comorbidades como hipertensão e obesidade, que aumentam o risco de complicações. “A combinação de diabetes com outras doenças crônicas torna o cuidado ainda mais complexo. Cada cliente precisa de
atenção individualizada”, por ser único, reforça Eliane.
Apesar dos riscos, viver com diabetes é possível quando há diagnóstico precoce, mudanças no estilo de vida e acompanhamento multidisciplinar. Manter a glicemia sob controle, praticar atividades físicas regularmente, seguir uma alimentação equilibrada, hidratar-se adequadamente e observar diariamente a pele e os pés são medidas essenciais. Ela acrescenta: “Muitos clientes me perguntam se pequenas
mudanças fazem diferença. E fazem. Caminhar, escolher alimentos saudáveis e seguir as orientações médicas salva vidas.”
Outro ponto crucial é a realização de exames laboratoriais periódicos e consultas médicas regulares, que permitem ajustar o tratamento e prevenir complicações graves. “O acompanhamento contínuo é o que faz a diferença entre complicações leves e sérias. A adesão ao tratamento é tão importante quanto o próprio
tratamento”, completa a professora.
“Mais do que controlar o açúcar no sangue, é cuidar da vida como um todo. O tratamento adequado, o acompanhamento profissional e o autocuidado diário são as chaves para reduzir complicações e garantir qualidade de vida ao cliente diabético”, conclui Eliane.
Com milhões de pessoas afetadas e quase 30 amputações por dia, especialistas reforçam que agir cedo salva vidas, preserva a mobilidade e reduz o impacto dessa doença silenciosa, mas potencialmente devastadora.