A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) causou surpresa e comentários nos bastidores de Brasília ao afirmar, nesta terça-feira (14), que considera o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), “mais liberal” do que o ex-ministro Paulo Guedes, símbolo da política econômica do governo Jair Bolsonaro (PL).
A declaração foi feita durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, e dirigida diretamente a Haddad:
“Eu digo sempre, não sei se Vossa Excelência já ouviu, que eu considero Vossa Excelência mais liberal do que Paulo Guedes. Considero este governo mais liberal do que o de Paulo Guedes.”
A fala destoou do senso comum sobre os dois governos. Enquanto Guedes é conhecido por sua defesa ferrenha do mercado, do enxugamento do Estado e das privatizações, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se caracterizado por políticas de gasto público, investimento estatal e expansão social.
Soraya, no entanto, explicou que sua visão de liberalismo evoluiu com o tempo. “Temos que atuar no Estado mínimo necessário. Não é Estado mínimo total, não é ausência de Estado”, ressaltou. Ela elogiou o equilíbrio defendido por Haddad e criticou o liberalismo “radical” do governo anterior.
“Sou uma liberal à la brasileira, porque não dá para ser totalmente liberal. Precisamos manter certos setores e não vender tudo a preço de banana”, completou.
A senadora ainda pediu que Haddad apresente uma lista de estatais deficitárias que poderiam ser privatizadas e relembrou seu papel como relatora revisora da Medida Provisória da Liberdade Econômica, de 2019. Segundo ela, o texto foi “desidratado” na Câmara e a prometida segunda MP “nunca saiu do papel”.
A fala, classificada pela própria Soraya como um “elogio”, evidencia uma nova fase de pragmatismo político e reaproximação de parte do centro com o governo petista — especialmente diante dos debates sobre responsabilidade fiscal e reformas econômicas.
