Viral no TikTok, profecia apocalíptica termina em frustração

Com voz calma e sorriso no rosto, o pastor sul-africano Joshua Mhlakela afirmou em vídeo que a “volta de Jesus” aconteceria entre os dias 23 e 24 de setembro. A pregação viralizou no YouTube, TikTok e X (antigo Twitter), gerando expectativa e até pânico em comunidades cristãs nos Estados Unidos, África do Sul e Índia. Mas, quando a data chegou, nada aconteceu — e o próprio pastor desapareceu das redes.


No vídeo, Mhlakela contou ter tido uma visão em que Jesus, sentado em um trono, anunciou: “Estou chegando em breve”. A escolha da data foi associada ao Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico, marcado pelo som das trombetas, que alguns cristãos interpretam como símbolo da volta triunfal de Cristo.

O discurso do pastor foi reforçado por passagens bíblicas como a primeira carta aos tessalonicenses, em que Paulo descreve a ressurreição dos mortos em Cristo e o arrebatamento dos vivos “nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares”. Para muitos fiéis, a promessa soou como um consolo e um alerta urgente.

Especialistas destacam que crises globais, guerras e mudanças climáticas criam um ambiente fértil para a propagação de profecias apocalípticas. Enquanto isso, teólogos lembram que previsões sobre o arrebatamento sempre dividiram opiniões: alguns acreditam que os cristãos seriam levados antes de um período de sofrimento, outros que atravessariam parte da tribulação. O pastor Hernandes Dias Lopes chegou a citar sinais como guerras e a “falta de amor no mundo”, mas ponderou: “não temos o calendário de Deus nas mãos”.

A ideia do arrebatamento ganhou força no século 19 com pastores protestantes como John Nelson Darby e foi amplamente difundida no século 20. Erros de previsão também não são novidade. O norte-americano Harold Camping, por exemplo, anunciou o fim do mundo em 1994 e, depois, em 2011.

Na noite do dia 23, Mhlakela fez uma live pedindo paciência aos fiéis e afirmou que “o Senhor está a caminho com uma hoste de anjos”. Minutos após a meia-noite, encerrou a transmissão pedindo que “continuassem esperando”. Mas, com a não concretização da profecia, o pastor sumiu das redes sociais.

Fiéis relatam frustração: alguns abandonaram empregos, venderam bens e até deixaram casas destrancadas para o suposto arrebatamento. Pastores que endossaram a previsão se desculparam publicamente — um deles, na Austrália, chegou a doar o carro e prometeu “nunca mais falar de arrebatamento”.

Enquanto isso, a hashtag #rapturenow acumula centenas de milhares de vídeos, misturando relatos de desilusão e memes que ironizam a situação, com internautas perguntando, em tom de brincadeira, se até seus cães seriam levados ao céu.

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