EUA pedem “conserto” no Brasil e aumentam tensão na relação comercial

O secretário de Comércio dos Estados Unidos no governo Trump, Howard Lutnick, afirmou que é necessário “consertar” o Brasil para que o país “aja corretamente” nas relações com os americanos. A declaração, feita em entrevista a um canal de TV nos EUA, reforça o clima de tensão diplomática e comercial entre as duas nações. Lutnick citou o Brasil ao lado de Suíça e Índia como países que, segundo ele, estariam adotando práticas que “prejudicam a América”. Para o secretário, essas nações precisam abrir seus mercados e deixar de tomar medidas que prejudiquem os Estados Unidos, caso contrário permanecerão em atrito com Washington. Ele acrescentou ainda que, se esses países quiserem manter acesso ao mercado consumidor norte-americano, terão que “entrar no jogo do presidente dos Estados Unidos”.

As declarações coincidem com a entrada em vigor de uma nova rodada de tarifas de importação, que variam entre 25% e 100% sobre produtos como medicamentos, caminhões pesados, móveis e utensílios de cozinha, a partir de 1º de outubro. No caso brasileiro, uma tarifa de 50% já havia sido imposta em agosto, embora o país não tenha sido incluído no pacote mais recente.

O episódio ocorre em um momento de relações delicadas entre os dois países. Além do comércio, há atritos envolvendo questões de soberania, disputas econômicas e estratégias diplomáticas. Durante a Assembleia Geral da ONU, o presidente Lula e Donald Trump chegaram a ter um encontro informal, em que manifestaram desejo de diálogo. Trump classificou a conversa como marcada por uma “química excelente”. Por outro lado, o governo brasileiro reagiu às tarifas americanas notificando a Organização Mundial do Comércio e aprovando a chamada Lei da Reciprocidade Comercial, que autoriza retaliações contra medidas consideradas arbitrárias.

A fala de Lutnick foi vista por analistas como de tom paternalista e até ofensivo, sugerindo ingerência externa sobre a política nacional, o que pode gerar resistência dentro do governo e também na opinião pública brasileira. No campo econômico, as tarifas elevam a preocupação de setores exportadores, que podem perder competitividade no mercado americano. Entre os riscos estão a redução de receitas, queda nas vendas externas e prejuízos a cadeias produtivas. O Brasil, por sua vez, deve buscar alternativas, como fortalecer parcerias comerciais com outros países e blocos, além de manter canais de negociação abertos com os Estados Unidos, equilibrando firmeza diplomática e pragmatismo econômico.

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