Em um encontro inesperado nesta terça-feira (23), os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se encontraram nos bastidores da Assembleia-Geral das Nações Unidas, onde discursaram em sequência. Durante a breve conversa, os dois mandatários combinaram de realizar uma reunião na próxima semana, segundo confirmaram seus gabinetes, embora detalhes do encontro ainda não tenham sido divulgados.
O encontro ocorre em um momento de tensão inédita entre Brasil e Estados Unidos. Desde o final de maio, Trump aplicou uma série de sanções contra autoridades brasileiras e impôs tarifas sobre produtos do país, em reação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado do republicano. Entre as medidas recentes, estão a cassação de vistos de autoridades, sanções financeiras ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e inclusão de sua esposa, Viviane Barci, em punições com base na Lei Magnitsky.
Segundo integrantes do governo brasileiro, Trump já estava na sala reservada da ONU acompanhando o discurso de Lula, que criticou publicamente ações dos Estados Unidos. Ao deixar o púlpito, Lula foi abordado pelo republicano, que sugeriu uma conversa. “Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal”, afirmou Trump em seu discurso, anunciando publicamente o encontro futuro.
O chefe do cerimonial brasileiro, Fernando Igreja, atuou como tradutor durante a conversa. Lula, por sua vez, disse estar aberto a dialogar, mantendo a postura de negociação, mesmo diante das recentes tensões diplomáticas.
Este foi o primeiro contato direto entre os dois líderes desde que as sanções foram aplicadas. Em abril, ambos haviam comparecido à missa de funeral do papa Francisco, mas sem interação, e em maio havia expectativa de encontro na cúpula do G7, que não ocorreu.
A Presidência brasileira confirmou o agendamento da reunião para a próxima semana, reforçando a intenção de manter canais de diálogo, mesmo em meio a um cenário de distanciamento político e econômico.