Na véspera da abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o governo de Donald Trump ampliou a ofensiva contra o Brasil ao sancionar Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (22) pelo Departamento do Tesouro norte-americano, com base na chamada Lei Magnitsky, e atinge também o Lex – Instituto de Estudos Jurídicos, entidade fundada por Moraes no ano 2000 e atualmente controlada por sua família.
A medida replica as sanções impostas em agosto ao ministro do STF, acusado por Washington de “prisões arbitrárias” e “restrições à liberdade de expressão”. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que a decisão busca responsabilizar Moraes por “processos politizados, inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”.
Segundo admitiu o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ele próprio sugeriu ao governo Trump que a punição fosse estendida à esposa do ministro, a quem chamou de “braço financeiro” de Moraes. A pressão de aliados bolsonaristas teria sido determinante para a inclusão de Viviane na lista.
Na prática, as sanções congelam eventuais ativos nos Estados Unidos e restringem transações financeiras em dólar, inclusive o uso de bandeiras internacionais como Visa e Mastercard. Os efeitos no Brasil, porém, ainda dependem da postura dos bancos nacionais.
A decisão ocorre em meio a um cenário de forte mobilização política no país. No domingo (21), manifestações massivas em várias capitais defenderam a democracia e protestaram contra a anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
O gesto hostil de Trump adiciona um novo ingrediente de tensão diplomática. Como de tradição, o Brasil abrirá os discursos na ONU nesta terça-feira (23), seguido pelos Estados Unidos. A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva use o palco global para responder às sanções, denunciar a instrumentalização política da medida e reafirmar a soberania nacional.