O “Anuário de Violência Doméstica e Crimes Sexuais – 2024”, divulgado nesta terça-feira (16) pela Polícia Civil, em Cuiabá, revelou um aumento de 27% no número de atendimentos a mulheres vítimas de violência doméstica em Mato Grosso. O dado mais sensível, porém, não está apenas na quantidade de registros, mas no retrato de quem são essas mulheres.
Entre os 6.223 casos contabilizados no ano passado, 62% das vítimas tinham nível de escolaridade médio ou superior (3.858). O levantamento mostra ainda que a violência atinge, em sua maioria, mulheres pretas e pardas, que representaram 55% dos registros (3.423).
A faixa etária predominante foi de 30 a 49 anos, também com 55% (3.423) dos casos. Outro dado relevante é a condição econômica: 58% das vítimas declararam renda entre um e três salários mínimos (3.611), evidenciando uma vulnerabilidade que atravessa questões sociais e financeiras.
Para a delegada Judá Maali, titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM), esses números refletem não apenas a violência em si, mas a coragem das mulheres em buscar ajuda. “O acolhimento pode representar o primeiro passo para o rompimento do ciclo da violência”, destacou.
Segundo o Anuário, a procura por atendimento foi maior nos meses de maio e outubro, coincidindo com o Dia das Mães e com a campanha Outubro Rosa, momentos em que a autoconsciência feminina tende a ser fortalecida. Outro dado curioso: a segunda-feira é o dia da semana em que há maior procura nas delegacias especializadas.
O levantamento foi lançado em evento na sede da DEDM, em Cuiabá, com a presença de autoridades como a coordenadora de Enfrentamento da Violência Contra a Mulher, Mariell Antonini, e o delegado Richard Damaceno, do Plantão de Violência Doméstica.