A decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados de um suposto plano de golpe de Estado após as eleições de 2022, ganhou destaque na imprensa internacional nesta quinta-feira (11).
Diferente dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, que já haviam votado pela condenação, Fux defendeu a anulação do processo e a absolvição de Bolsonaro em relação aos cinco crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O jornal espanhol El País descreveu o posicionamento como um “duro voto” que pode abrir margem para a defesa pedir o arquivamento da ação no futuro. O periódico ressaltou que o gesto do ministro foi recebido com entusiasmo pelos advogados de Bolsonaro, que, até então, demonstravam apreensão.
Ainda segundo a publicação, Fux advertiu contra a figura do “juiz inquisidor” e destacou que qualquer condenação precisa estar fundamentada em provas além de dúvida razoável. O ministro também acolheu a alegação da defesa sobre a dificuldade em analisar, em tempo hábil, o que classificou como um “tsunami de provas”, criticando a rapidez com que o processo avançou.
Na Argentina, o jornal La Nación noticiou que um ministro do STF pediu a anulação do julgamento da suposta trama golpista. A reportagem destacou que Fux apontou “absoluta incompetência” da turma de cinco ministros para conduzir o caso, embora tenha ressaltado que a condenação de Bolsonaro ainda seja considerada provável.
A agência Reuters, por sua vez, enfatizou que, apesar do voto favorável à absolvição, a tendência é de que o ex-presidente acabe condenado. O texto aponta que a divergência aberta por Fux fortalece a estratégia da defesa de levar o caso ao plenário completo do Supremo, composto por 11 ministros — entre eles, dois indicados pelo próprio Bolsonaro.
O voto inesperado ampliou a tensão em torno do processo, que já mobiliza apoiadores do ex-presidente em manifestações pelo país e divide opiniões de juristas e analistas políticos.