O 17° Encontro Técnico do Algodão, realizado em Cuiabá (MT) pela Fundação Mato Grosso, reuniu uma ampla programação de conteúdos técnicos e análises sobre a realidade econômica da cotonicultura. Durante três dias, produtores, especialistas e pesquisadores discutiram tendências, desafios e oportunidades do setor. O protagonismo ficou por conta dos produtores rurais, que participaram ativamente das discussões de forma presencial e online. Ao todo, foram 480 inscritos, de 73 cidades e 12 estados, além do Distrito Federal, que contribuíram com perguntas, troca de experiências e aplicação prática dos conhecimentos apresentados.
Produtores rurais, pesquisadores e especialistas dividiram espaços nas apresentações para falar sobre o presente e o futuro da produção de algodão. O engenheiro agrônomo e produtor rural de Campo Verde (MT), Alexandre Schenkel, participou de dois painéis. Na abertura, ressaltou a importância do conhecimento técnico aliado à dinâmica do mercado global de pluma. Em outro momento, destacou o impacto da qualidade da fibra na produção e na comercialização do algodão brasileiro.
“Se nós nos acomodarmos, deixarmos de buscar soluções para os nossos problemas ou melhorias, ou até mesmo, deixarmos de mostrar alguns resultados, a gente vai entrar em decadência. Isso faz com que a gente perca produtividade, eficiência. O que pode levar à extinção da cultura, como aconteceu em alguns países”, relembrou Schenkel, que também preside o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).
O que esperar das próximas safras: a disputa de mercados
Quando a primeira edição do Encontro Técnico foi realizada, a área cultivada com algodão em Mato Grosso era quatro vezes menor que a atual, que passa de 1,5 milhão de hectares. Projeções indicam que o crescimento será contínuo e, para isso, o Brasil precisa ocupar novos espaços no mercado global, apresentando uma pluma diferenciada, de alta qualidade e produzida de forma sustentável.
No painel de encerramento, o PhD Marcos Fava Neves, criador da plataforma Doutor Agro e fundador da Harven Agribusiness School, analisou as últimas duas décadas da cotonicultura, destacando a evolução da produção e o avanço do Brasil no mercado internacional.
“O Brasil, por ser mais competitivo, pode roubar participação de mercado de outros países. Nós produzimos o dobro do que os americanos produzem por área. Isso vai permitir que o Brasil continue avançando. É fundamental desenvolver nossa representação cada vez mais forte na Ásia, ter proximidade com compradores internacionais e continuar fazendo o belo trabalho que o algodão tem feito”, detalhou Fava Neves.
O especialista também alertou para os desafios: “Nós temos uma dificuldade grande de competir com as condições dos países asiáticos. Muitas vezes, a gente sabe que eles não adotam o mesmo rigor trabalhista que o Brasil tem, o mesmo rigor ambiental. Eles também são competitivos, nós temos que reconhecer isso! Eu acho que o caminho que nós temos que seguir é um esforço muito grande de diferenciação e contar a história do produto que é feito aqui no Brasil, com isso buscar esse segmento de consumidores mais premium, que tem condições de pagar e vai se orgulhar de usar uma roupa feita no Brasil. Nesse caso, o país precisa ter mais comunicação e, logicamente, investir em tudo que for possível para a competitividade do setor industrial, que é muito penalizado na questão tributária e na escassez e custo de mão de obra,” explicou.
Um evento feito de produtores e consultores que reconhecem a importância da troca de conhecimento
O vice-presidente do Grupo Itaquerê, Édio Brunetta, participou de mais uma edição do Encontro Técnico e ressaltou a relevância da atualização técnica a cada safra.
“Eventos como este são essenciais para identificar gargalos e aumentar a produtividade nas áreas com menor desempenho, reduzindo custos e melhorando resultados. As informações adquiridas aqui são importantes tanto para os produtores quanto para os profissionais que atuam na área. Nós precisamos disso! Tem muita gente nova, e não só é preciso reciclar o conhecimento técnico e sobre as novidades, materiais e tecnologias, mas também precisamos desse encontro entre produtores”, afirmou Brunetta.
Com mais de 30 anos de experiência profissional em Mato Grosso, o engenheiro agrônomo e consultor técnico Nery Ribas acompanhou todas as edições do evento e elogiou a evolução promovida pela Fundação MT.
“Todo Encontro Técnico da Fundação MT é muito bem planejado e dentro de uma ótica que traga resultado aos produtores e aos profissionais que participam, ajudando-os em suas tomadas de decisão. A Fundação Mato Grosso, tanto com sua equipe quanto com os convidados, traz informações fundamentais para que a gente possa ter sucesso nas atividades”, destacou.
Flávio Garcia, Head Corporativo e Comercial da Fundação MT, ressaltou que a edição deste ano trouxe inovação em todos os painéis, confirmando o campo como espaço de soluções tecnológicas e sustentáveis.
“Ninguém melhor para compartilhar as rotinas conosco do que os próprios produtores. Esse comprometimento e engajamento começam no produtor, mas também vêm de todos os profissionais que fazem parte do time, dentro das propriedades. E nós ficamos muito gratificados ao perceber que, numa plateia de mais de 480 participantes, o produtor é o profissional que está interagindo, tirando dúvidas, buscando esse conhecimento técnico e científico de alto padrão, como a Fundação Mato Grosso sempre prima”, disse Flávio Garcia.
“Tenho certeza de que as pessoas que vieram e ficaram aqui trabalhando, estudando, conversando com outros, vão voltar muito melhores. O que acontece aqui é quase como se fosse um MBA intensivo na questão da produção de algodão, da competitividade, das inovações, para que as pessoas possam replicar isso”, concluiu o PhD. Marcos Fava Neves.
Fundação MT mantém tradição na promoção de eventos técnicos – confira os próximos!
Reconhecida pela credibilidade e pela imparcialidade de suas pesquisas, a Fundação MT mantém a tradição de promover eventos técnicos de relevância em diversas cadeias produtivas. Os próximos eventos já estão na programação dos pesquisadores.
No dia 04 de outubro, será realizado o 4º Encontro Técnico da Pecuária, em Rondonópolis, com o tema “Pecuária e Ciência: mais valor em cada arroba”. Em novembro, nos dias 26 e 27, a Fundação encerra a temporada 2025 de eventos com a realização do 6º Encontro Técnico de Milho, em Cuiabá. Outras informações e conteúdos sobre pesquisas e serviços da Fundação MT estão disponíveis no site: www.fundacaomt.com.br.