Terremoto mata mais de 800 pessoas no Afeganistão e deixa milhares de feridos

Um dos piores terremotos da história recente do Afeganistão matou pelo menos 812 pessoas e deixou mais de 2.800 feridos nesta segunda-feira (1º), segundo autoridades locais. O tremor de magnitude 6, ocorrido à meia-noite a uma profundidade de 10 km, destruiu vilarejos inteiros nas províncias de Kunar e Nangarhar, onde casas de barro não resistiram à força do abalo.

Helicópteros militares foram mobilizados para transportar os feridos, enquanto equipes de resgate lutam para alcançar áreas remotas sem acesso a telefonia. “Precisamos de ajuda internacional porque muitas pessoas perderam suas vidas e suas casas”, pediu Sharafat Zaman, porta-voz do Ministério da Saúde em Cabul.

Colapso e falta de ajuda

O desastre pressiona ainda mais o governo Talibã, que enfrenta crises humanitárias e cortes drásticos na ajuda externa. Desde a volta do grupo ao poder em 2021, o financiamento internacional despencou de US$ 3,8 bilhões em 2022 para apenas US$ 767 milhões neste ano. Até o momento, nenhum governo estrangeiro havia confirmado envio de equipes de resgate, embora a China tenha sinalizado disposição em ajudar.

A ONU afirmou que sua missão no Afeganistão está se preparando para prestar apoio emergencial. O secretário-geral Antonio Guterres declarou, em publicação no X, que a organização está comprometida em socorrer as vítimas.

Tradição de tragédias

Esta é a terceira grande catástrofe sísmica desde a tomada do poder pelo Talibã. Em 2022, um terremoto de magnitude 6,1 deixou mais de 1.000 mortos na região leste. O país, situado na cordilheira Hindu Kush — ponto de encontro das placas tectônicas indiana e eurasiana —, é considerado uma das áreas mais vulneráveis a tremores no mundo.

Apesar de investimentos pontuais em reconstrução, muitas aldeias ainda vivem em estruturas temporárias após terremotos anteriores. Agências humanitárias alertam que mais da metade da população afegã depende urgentemente de assistência, mas crises em outras regiões do mundo e as restrições impostas pelo Talibã a mulheres, inclusive em trabalhos de ajuda, têm reduzido os recursos destinados ao país.

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