A senadora Margareth Buzetti (PP) afirmou que Mato Grosso “é um Estado machista”, ao comentar o aumento dos casos de feminicídio registrados nos últimos meses. A declaração foi feita durante entrevista na última semana, na qual a parlamentar ressaltou que a mudança cultural e a educação desde a infância são fundamentais para combater a violência contra a mulher.
Questionada se o cenário político poderia influenciar nos índices elevados, Buzetti apontou fatores culturais como determinantes. “É um Estado machista […] Acho que tudo começa pela educação, pela família, e precisamos tratar desses temas nas escolas. Outros estados também lideram o machismo, mas isso é cultural, é machismo estrutural. Precisamos mudar isso, porque o homem ainda acredita que pode se apossar da mulher. Se ela não quer mais viver com ele, ele a mata. Por quê?”, questionou a senadora.
Autora da Lei 14.994/2024, conhecida como “Pacote Antifeminicídio”, Buzetti foi responsável pela proposta que transformou o feminicídio em crime autônomo, prevendo penas de 20 a 40 anos de prisão, as mais severas do Código Penal brasileiro. A legislação ainda proíbe visitas íntimas e o livramento condicional para condenados, além de exigir o cumprimento de pelo menos 55% da pena para progressão de regime.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apontam que Mato Grosso lidera, pelo segundo ano consecutivo, o ranking nacional de feminicídios. Em 2024, houve aumento de 0,5% em relação ao ano anterior, atingindo taxa de 2,5 assassinatos para cada 100 mil mulheres.
Para Buzetti, a raiz do problema deve ser enfrentada já na formação dos filhos. “Defendo a mudança cultural. Temos que trabalhar a educação com as crianças desde o nascimento. A mãe deve ensinar o filho menino que precisa respeitar as meninas, que elas têm os mesmos direitos, que ele não vai jogar bola enquanto ela lava a louça”, concluiu.