O diretório nacional do PT divulgou, neste sábado (23), um vídeo em suas redes sociais no qual busca vincular o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao escândalo de corrupção envolvendo a rede de farmácias Ultrafarma e um fiscal da Secretaria da Fazenda de São Paulo. A publicação ocorre em meio às especulações sobre uma possível candidatura de Tarcísio à Presidência da República em 2026, diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O material divulgado pelo partido apresenta uma narrativa em que associa o governador paulista ao caso que levou à prisão de Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, acusado de pagar propina a um fiscal da Fazenda “do governo Tarcísio” em troca de benefícios tributários. O vídeo questiona ainda a proposta de emenda à Constituição estadual enviada pelo Executivo, que transfere responsabilidades da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para a Controladoria-Geral do Estado (CGE), insinuando que a medida teria como objetivo enfraquecer o combate à corrupção.
Apesar disso, informações checadas revelam distorções no conteúdo. O fiscal citado, Artur Gomes da Silva Neto, ingressou na Secretaria da Fazenda em 2006, tendo atuado em cinco diferentes administrações estaduais, não apenas na atual. Além disso, as investigações que desarticularam o esquema foram conduzidas pelo Grupo de Combate à Lavagem de Dinheiro e Cartéis (Gedec), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), e não pela PGE, como sugere o vídeo.
A Procuradoria-Geral do Estado, por sua vez, não possui atribuição para investigações criminais, mas pode instaurar processos disciplinares e determinar a demissão de servidores envolvidos em irregularidades. No entanto, a instituição também acumula episódios controversos: foi a responsável, por exemplo, por processar o fiscal Henrique Poli, que denunciou irregularidades ligadas à chamada “máfia do ICMS” durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). Na ocasião, o TJSP considerou sua atuação “irrepreensível”, e a PGE acabou derrotada em todas as instâncias.
O vídeo do PT termina com provocações diretas ao governador paulista: “Por que Tarcísio deseja desmantelar um órgão de combate à corrupção? O que ele está tentando ocultar?”.
Enquanto a disputa política em torno da narrativa ganha força, a divulgação sinaliza a antecipação do tom eleitoral de 2026, no qual Tarcísio de Freitas deve se firmar como principal adversário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.