Alerta máximo: fuga na Penitenciária Feminina escancara fragilidades do sistema carcerário

 

A fuga de duas detentas de alta periculosidade na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, reacendeu o alerta sobre a fragilidade do sistema prisional de Mato Grosso. O episódio ocorreu na madrugada de domingo (17) e envolveu Angélica Saraiva de Sá, conhecida como “Angeliquinha”, e Jéssica Leal da Silva, apelidada de “Arlequina”, apontadas como integrantes do alto escalão do Comando Vermelho.

De acordo com o Sindicato dos Policiais Penais (SINDSPPEN-MT), a penitenciária, que deveria abrigar até 360 internas, atualmente custodia mais de 470 detentas, incluindo 52 transferidas da Penitenciária Central do Estado (PCE). Para vigiar toda essa população, apenas nove policiais penais trabalham por plantão, uma proporção considerada “inadmissível” frente às normas do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), que recomenda o máximo de cinco presos por servidor.

Em nota, o sindicato denunciou que os profissionais atuam em “riscos extremos”, sem equipamentos adequados, com sistemas de monitoramento obsoletos e efetivo insuficiente. “Trabalham no limite de suas capacidades. Ainda assim, cumprem seu dever com profissionalismo exemplar. É inaceitável que continuem em condições tão precárias, com um contingente totalmente inadequado para garantir a segurança mínima necessária”, afirmou a entidade.

A fuga ocorreu após as detentas serrarem grades da cela 11, no Raio 4, rompendo a cobertura e chegando à área externa por um portão da obra da fábrica dentro do presídio, que estava apenas encostado e sem vigilância.

Segundo o sindicato, ações urgentes são necessárias, como a convocação dos aprovados no último concurso público, manutenção dos sistemas de monitoramento e criação de postos estratégicos. Para a entidade, ao negligenciar as recomendações técnicas, o Estado se torna “cúmplice de um sistema que alimenta o crime organizado, facilita a entrada de ilícitos e estimula novas fugas”.

A Secretaria de Estado de Justiça (SEJUS) informou que já iniciou investigação interna por meio da Corregedoria Geral e da Inteligência da instituição. Em nota, a secretaria destacou que “os fatos ocorridos não têm justificativa” e que medidas firmes serão adotadas para garantir a ordem, disciplina e integridade no sistema penitenciário.

O caso evidencia a urgência de reformas estruturais e reforço de segurança nas unidades prisionais do Estado, evitando que falhas administrativas continuem colocando em risco a população carcerária, os profissionais e a sociedade.

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