O crime brutal que abalou Lucas do Rio Verde, no interior de Mato Grosso, no dia 24 de junho, ainda ecoa entre familiares, amigos e a comunidade local. A terapeuta e empresária Gleici Oliboni, de 42 anos, foi encontrada morta com perfurações de arma branca dentro da residência onde morava com o marido e a filha de 7 anos. A criança e o homem também foram encontrados feridos, mas socorridos com vida por equipes de resgate e encaminhados a um hospital da cidade.
A principal suspeita da Polícia é de que o marido tenha sido o autor do ataque. As investigações apontam que uma possível discussão do casal pode ter motivado a violência contra Gleici e a filha. Após golpear a esposa, o homem teria tentado tirar a própria vida.
Dois meses depois, a filha mais velha da vítima, a biomédica Caroline Fernandes, transformou a dor em um desabafo público que se espalhou pelas redes sociais. Em tom de revolta e tristeza, ela descreveu a ferida que jamais se fechará: a ausência de uma mãe assassinada no auge da vida e da carreira, deixando filhas, família e amigos em choque. Caroline também falou das datas que nunca mais serão iguais — aniversários, dias das mães e cada 24 de junho — além da responsabilidade precoce de cuidar da irmã pequena, sobrevivente da tragédia.
O desabafo de Caroline, no entanto, vai além da dor pessoal. Ela criticou a tentativa recorrente de justificar feminicídios com argumentos como “problemas psicológicos” ou “surtos momentâneos”. Para a filha, essa narrativa não pode apagar a violência, devolver vidas interrompidas nem consolar famílias devastadas.
Enquanto denunciava a brutalidade, Caroline relembrou o momento de ascensão vivido pela mãe. Gleici havia acabado de lançar sua própria marca de cosméticos, resultado de anos de dedicação. Planejava viajar a Paris em setembro para conhecer uma fábrica de cosméticos limpos e tinha confirmada participação em um evento em São Paulo, onde palestraria sobre seu trabalho. Era um período de conquistas profissionais e reconhecimento, interrompido de forma cruel.
Caroline prometeu cuidar da irmã, preservar o legado da mãe e lutar para que a morte de Gleici não seja reduzida a mais uma estatística de feminicídio.
“O que eu espero, o que a sociedade inteira espera, é que o assassino seja condenado com todo o peso da lei — sem desculpas, sem atenuantes, sem piedade”, escreveu.
O caso segue em investigação pelas autoridades, e a família reforça que não permitirá que a memória de Gleici caia no esquecimento.