Empresários ouvidos nas últimas horas defenderam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retome a possibilidade de um telefonema ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o objetivo de destravar o impasse comercial que levou à imposição de tarifas adicionais sobre produtos brasileiros.
Segundo o setor, a medida representaria um sinal diplomático relevante do Palácio do Planalto à Casa Branca, especialmente após o cancelamento da reunião que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria nesta quarta-feira (13) com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent. O encontro, que vinha sendo tratado como passo crucial nas tratativas, foi interrompido de forma abrupta, fazendo as negociações retornarem ao ponto de partida.
Como revelado pela CNN na segunda-feira (11), Haddad atribuiu a suspensão da agenda à atuação da oposição bolsonarista. No entanto, lideranças empresariais sustentam que o próprio Lula contribuiu para o impasse, citando suas recentes aproximações com países do Brics e declarações contrárias a acordos envolvendo big techs e minerais críticos — pontos de grande interesse para Washington.
Os empresários defendem que a interlocução direta entre os chefes de Estado é a via mais eficaz para restaurar a confiança mútua e recolocar os negociadores à mesa. Destacam que o próprio Trump já afirmou publicamente que atenderia a um telefonema de Lula. Ainda assim, o presidente brasileiro disse não ver razões para a ligação e descartou a possibilidade de “se humilhar”.
Embora reconheçam os esforços do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, os representantes do setor privado consideram que o plano de contingência que o governo promete anunciar ainda hoje, apesar de positivo, não será suficiente para compensar as perdas no mercado norte-americano. Para eles, uma solução definitiva dependerá inevitavelmente de um entendimento direto entre Lula e Trump.