PM simulou venda de Hilux para encobrir repasses a mandantes da morte de Renato Nery

O Ministério Público Estadual (MPE) revelou que o policial militar Jackson Pereira Barbosa simulou a venda de uma caminhonete Toyota Hilux para encobrir movimentações financeiras ligadas à morte do advogado Renato Nery, ex-presidente da OAB-MT. Segundo a denúncia, o objetivo da falsa transação era disfarçar o repasse de valores aos empresários César Jorge Sechi e Julinere Goulart Bentos, apontados como mandantes do crime.

A suposta negociação do veículo ocorreu na garagem de um amigo de Jackson, em Primavera do Leste. “Era como se a caminhonete estivesse à venda, mas a orientação era de que, quando fosse vendida, o dinheiro fosse enviado diretamente aos mandantes”, detalhou o MPE com base no depoimento de Heron Teixeira Pena Vieira, também policial militar, que confessou envolvimento no assassinato.

César e Julinere estão presos desde maio e são acusados de encomendar a execução de Renato Nery devido a uma disputa pela posse de terras em Novo São Joaquim, avaliadas em mais de R$ 30 milhões. O advogado havia recebido a área como pagamento de honorários e, meses antes do crime, obteve na Justiça o bloqueio de mais de R$ 2 milhões referentes ao arrendamento da propriedade.

De acordo com a investigação, Jackson Barbosa também repassou informações estratégicas aos executores, como o endereço do escritório da vítima em Cuiabá, além de coordenar encontros para planejar o crime. Ele teria usado veículos de luxo, como uma Hilux SW4 branca e uma Mercedes-Benz, durante os deslocamentos.

O valor combinado para a execução foi de R$ 200 mil, mas, segundo o MPE, o montante não foi pago integralmente, o que teria motivado a colaboração de Heron Vieira com os investigadores. Ele foi o responsável por contratar o ex-caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, autor dos disparos. Alex se escondeu em uma chácara em Várzea Grande até ser preso.

Outros policiais militares também foram indiciados por participação no caso. Segundo a denúncia, agentes da Rotam — Leandro Cardoso, Wailson Medeiros, Wekcerlley Benevides e Jorge Rodrigo Martins — teriam forjado um confronto armado para plantar a arma utilizada no homicídio. Eles respondem por homicídio qualificado, tentativa de homicídio, fraude processual e porte ilegal de arma.

Em 23 de junho, Jackson Barbosa e o policial Ícaro Nathan Santos Ferreira foram indiciados por homicídio triplamente qualificado. Já o casal de empresários foi formalmente denunciado em 11 de julho pelos mesmos crimes.

Renato Nery foi baleado na cabeça na manhã de 5 de julho de 2024, ao chegar em seu escritório na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Ele foi socorrido e passou por cirurgias no Hospital Jardim Cuiabá, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte.

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