Lideranças da facção Bonde do Maluco (BDM) viviam com regalias incomuns no Módulo V da Penitenciária Lemos Brito (PLB), em Salvador. Segundo apuração do jornal Correio, com base em informações da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) e da Polícia Civil, os chefes do grupo tinham acesso a bebidas alcoólicas importadas, perfumes caros, móveis planejados, televisão, camas individuais com colchões de qualidade e até banheiro privativo.
A descoberta foi feita após uma vistoria realizada em outubro de 2023, motivada pela fuga de sete integrantes do BDM. O inquérito policial revelou que o espaço ocupado pelos líderes da facção apresentava condições muito acima da média do sistema prisional, incluindo azulejos no chão, área mais arejada e presença de espelhos — proibidos na unidade por poderem ser transformados em armas.
Um dos beneficiados pelas regalias foi o traficante Fábio Souza dos Santos, conhecido como Geleia, que escapou da prisão em 21 de outubro de 2023. Apesar da gravidade da situação, o então secretário da Seap, José Antônio Maia, afirmou que não tinha conhecimento das irregularidades, alegando que informações desse tipo não eram repassadas pela Superintendência de Gestão Prisional (SGP) nem pela direção da penitenciária.
A Penitenciária Lemos Brito foi projetada para abrigar 878 detentos, mas, em junho deste ano, abrigava 1.427 internos — 549 acima da capacidade. Após a vistoria, o módulo passou por reformas para se adequar às normas legais. A Seap não informou se agentes penitenciários estão sendo investigados por facilitação ou omissão.