Diagnosticado com uma síndrome cardíaca rara e grave, o pequeno Ravi Gonçalves, de apenas sete meses, tem se tornado símbolo de força e esperança. Morador de Guarulhos (SP), ele nasceu com hipoplasia do coração direito, condição considerada “incompatível com a vida”, segundo os médicos. Mas sobreviveu a três paradas cardíacas, uma perfuração intestinal, cirurgias delicadas, entubação prolongada e até necrose no rosto.
A gestação foi tranquila, sem sinais de anormalidades. Mas, após o nascimento, em 20 de dezembro de 2024, o bebê apresentou baixa saturação e precisou ser reanimado. “Ele nasceu morto. Fizeram de tudo e ele voltou. No outro dia já estava na UTI Neonatal com oxigênio”, lembra a mãe, Nayara Gonçalves.
Três dias depois, Ravi teve alta, mas retornou ao hospital com icterícia. Veio, então, o diagnóstico: hipoplasia do coração direito, uma má-formação congênita que compromete o funcionamento do lado direito do coração e exige tratamentos paliativos complexos.
Na primeira unidade hospitalar, Ravi sofreu com a falta de estrutura e medicamentos adequados, o que desencadeou complicações severas. “O hospital não estava preparado. Ele teve uma parada cardíaca por isso”, denuncia Nayara.
A mobilização da família e amigos possibilitou a transferência para um hospital referência em cardiopatias. Lá, ele iniciou uma série de procedimentos que incluíram cirurgia plástica para tratar a necrose facial, laparotomia por perfuração intestinal, entubação prolongada e, em junho, a primeira cirurgia paliativa cardíaca — um sucesso, apesar dos riscos.
Após o procedimento, Ravi precisou da máquina ECMO, que substitui as funções cardíacas e pulmonares. Dias depois, sofreu sangramento grave e precisou de várias transfusões sanguíneas.
Recuperação e esperança
Em julho, Ravi foi extubado e agora respira com a ajuda de ventilação não invasiva. Ainda enfrenta desnutrição e exige cuidados constantes. Mesmo diante de tantas provações, a mãe se apega à fé. “Ele está bem magrinho, mas com fé em Deus vai dar tudo certo.”
Nos próximos anos, o bebê ainda precisará passar por duas cirurgias cardíacas. A expectativa é que a próxima etapa possa ocorrer em casa, com estrutura adequada. Para isso, Nayara criou uma vaquinha virtual e busca um novo lar para o filho, que hoje mora com ela e os dois irmãos em uma casa simples, próxima a um esgoto.
“Quero dar um lugar melhor para o Ravi viver. Se Deus quiser, ele vai ser uma criança normal. Só precisa de um ambiente mais saudável.”