Quem acompanhou de perto a movimentação no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (16) percebeu o tom firme do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao reunir os principais dirigentes dos bancos públicos do país. Com o olhar atento ao cenário econômico — e político — Lula cobrou medidas concretas para reduzir o custo do crédito no Brasil, em especial nas linhas de financiamento habitacional e empréstimos consignados.
Na mesa do encontro, representantes de peso: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e Banco do Nordeste (BNB). Na pauta, uma cobrança clara: destravar o crédito num momento em que as taxas de juros permanecem elevadas e o Banco Central não sinaliza cortes no curto prazo.
Segundo a Folha de S.Paulo, o presidente não escondeu a inquietação com os efeitos desse encarecimento no cotidiano dos brasileiros — e nas urnas em 2026. Dados do Banco Central mostram que o Indicador de Custo de Crédito (ICC) chegou a 22,9% em maio, enquanto a taxa média para pessoas físicas bateu os 58,2% no crédito livre, escancarando o peso financeiro nas famílias e empresas.
Lula também mira os bancos privados: pretende organizar um novo encontro com seus dirigentes para discutir o aumento da oferta de consignado, hoje limitado por regras rígidas e altos spreads.
No campo técnico, o Planalto estuda alternativas à queda da poupança, que vem perdendo força como fonte de recursos para o setor habitacional. Uma proposta em análise busca flexibilizar exigências de capital mínimo, permitindo que os bancos direcionem mais recursos para o crédito, desde que captem a taxas mais acessíveis — mesmo que os empréstimos continuem atrelados à Selic.
Com uma combinação de pragmatismo e urgência política, Lula tenta reaquecer o crédito como ferramenta de desenvolvimento e — não menos importante — de capital eleitoral.