O advogado Jeffrey Chiquini, que representa Filipe Martins no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado, afirmou que vai recorrer à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) após ter sua palavra cassada pelo ministro Alexandre de Moraes durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (16). A sessão ouvia testemunhas de defesa no inquérito que apura o envolvimento de ex-assessores de Jair Bolsonaro nos atos de 8 de janeiro.
“Passou da hora da OAB nacional sair em defesa oficialmente. O que vivemos hoje na audiência do núcleo 2 dos advogados do processo da trama golpista, na defesa de Filipe Martins, foi algo inacreditável”, disse Chiquini nas redes sociais após o episódio, que classificou como uma “violação de garantias de direitos dos investigados e dos advogados”.
Durante a audiência, Moraes repreendeu Chiquini por perguntas que, segundo o ministro, configurariam insinuações e acusações contra autoridades. A tensão entre os dois escalou quando o advogado mencionou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao questionar se ele teria participado de reunião no Palácio da Alvorada em 2022. Moraes afirmou ter encaminhado ofício ao governador para esclarecer o episódio.
O ponto de ruptura ocorreu quando Chiquini questionava o general Gonçalves Dias sobre eventuais informações da Abin recebidas na véspera dos atos de 8 de janeiro. Moraes interrompeu o advogado, afirmou que o tema já havia sido esclarecido e, diante da insistência, cortou o microfone do defensor.
“O senhor cassou a minha palavra?”, perguntou Chiquini. “Cassei a palavra”, respondeu Moraes, passando a fala para o advogado Eduardo Kuntz, representante do réu Marcelo Câmara. Chiquini reagiu levando as mãos ao rosto em sinal de indignação.
Não foi o primeiro atrito entre os dois na semana. Na segunda-feira (14), Moraes já havia interrompido Chiquini e ordenado: “Doutor, enquanto eu falo, o senhor fica quieto”.
A defesa de Filipe Martins entende que há cerceamento de atuação dos advogados. A OAB ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.
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