Durante coletiva na AMM, autoridades reforçaram a urgência de ampliar adesão à iniciativa que fortalece políticas públicas para crianças e adolescentes em MT
“A capital do Estado, com todos os seus desafios sociais, não pode ficar de fora de uma ação estratégica e gratuita que visa proteger nossas crianças”. A fala contundente é do procurador do Ministério Público de Mato Grosso, Paulo Prado, durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (10), na sede da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), em Cuiabá. O motivo do encontro foi a baixa adesão dos municípios do estado à nova edição do Selo Unicef (2025-2028).
A poucos dias do fim do prazo, apenas 62 dos 142 municípios de Mato Grosso haviam confirmado participação. A adesão é gratuita e garante apoio técnico de especialistas em áreas como saúde, educação, assistência social e conselhos tutelares. Para o procurador, deixar de participar significa ignorar uma oportunidade real de transformar indicadores sociais graves, como a alta violência infantil e a baixa cobertura vacinal.
“O Selo Unicef oferece treinamento, orientação e ferramentas práticas para gestores municipais — tudo sem custo. Fala-se tanto em melhorar a educação, em combater a evasão escolar, em garantir a saúde das crianças. Mas quando se oferece um caminho estruturado para isso, muitos se omitem. Não é razoável que Cuiabá, justamente Cuiabá, ainda não tenha aderido”, reforçou Prado, dirigindo-se diretamente ao prefeito Abilio Brunini (PL).
Apoio técnico e foco em resultados
A chefe do escritório do Unicef em Mato Grosso, Mariana Rocha, explicou que o selo é uma jornada de quatro anos que fortalece as equipes locais para garantir que nenhuma criança ou adolescente fique para trás. “Trabalhamos com indicadores, metas concretas e avaliações periódicas. O objetivo é garantir direitos básicos como educação, saúde, proteção e participação. É uma agenda apartidária, de interesse público”, disse.
Ela destacou a preocupação com o estado: “Enquanto outros estados têm 100% dos municípios aderindo, Mato Grosso ainda está com menos da metade. Isso precisa mudar”, alertou. Mariana também chamou atenção para dados alarmantes: entre 2022 e 2023, a violência contra crianças de 0 a 9 anos cresceu 450% no estado. E algumas vacinas essenciais registram cobertura inferior a 50%.
Tribunal de Contas: investimento com impacto
Representando o Tribunal de Contas do Estado, Cassyra Vuolo afirmou que a Corte está engajada em iniciativas que garantam eficiência no uso de recursos públicos. “A adesão ao selo é uma decisão estratégica. Não basta gastar, é preciso mostrar resultado. E isso o selo ajuda a construir, com base técnica e apoio contínuo”, disse.
Ela lembrou que o conselheiro Antonio Joaquim, presidente da Comissão Permanente de Educação e Cultura do TCE, gravou um vídeo convocando os gestores para se somarem à iniciativa.
AMM e APDM mobilizadas
O presidente da AMM, Leonardo Bortolin, reforçou o papel da imprensa na divulgação da campanha. “É preciso que a sociedade saiba da importância do Selo Unicef. Ele não apenas certifica os avanços, como também orienta as gestões na superação dos desafios”, afirmou. Na edição anterior (2021-2024), apenas 78 municípios aderiram, e pouco mais de 15% receberam a certificação.
Já Sheila Pedroso, presidente da Associação para o Desenvolvimento Social dos Municípios (APDM), destacou que a transformação social precisa começar na infância. “A menina que é abusada, que engravida na adolescência, muitas vezes já vinha sendo negligenciada desde pequena. Precisamos atuar desde a creche até os serviços de assistência social”, defendeu.
Adesão vai até 23 de julho
O prazo final para adesão ao Selo Unicef é 23 de julho. A equipe técnica do Unicef, da AMM e da APDM está disponível para auxiliar os gestores que ainda tiverem dúvidas. A expectativa é que mais municípios reconheçam o valor da iniciativa e se comprometam com uma gestão pública voltada para resultados reais na vida de crianças e adolescentes.
