PT impulsiona campanha contra o Congresso com uso de IA e mobiliza influenciadores nas redes

Contas ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT) intensificaram ataques nas redes sociais ao Congresso Nacional e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em meio à disputa sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Com o uso de vídeos gerados por inteligência artificial (IA), conteúdos satíricos chamam o Congresso de “inimigo do povo” e apelidam o deputado de “Hugo Nem Se Importa”.

Segundo relatório da consultoria Bites, encomendado pelo jornal O Globo, o pico de engajamento ocorreu no dia 25 de junho, com 280 mil menções e 1,7 milhão de interações. Desde então, a ofensiva digital alinhada ao discurso do governo reuniu 1,02 milhão de publicações e alcançou 6,03 milhões de interações.

A campanha ganhou reforço de influenciadores ligados ao campo progressista, como Pedro Ronchi, além de páginas como a Mídia Ninja e nomes como o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) e a ex-nadadora Joanna Maranhão.

A tensão se agravou após a derrubada, pelo Congresso, do decreto presidencial que aumentaria o IOF, uma tentativa do governo de elevar a arrecadação em meio à crise fiscal. A decisão gerou forte reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que classificou a atitude de Hugo Motta como “absurda”.

Em resposta, a Mídia Ninja convocou manifestações para o próximo dia 10, defendendo o governo e criticando o Legislativo. A página também aderiu ao lema “Congresso inimigo do povo”, que tem circulado com força entre apoiadores do PT.

Para fortalecer a mobilização, o partido reuniu virtualmente cerca de 300 influenciadores. O encontro contou com a presença do senador Humberto Costa (PT-PE) e do deputado Jilmar Tatto (PT-SP), secretário nacional de comunicação do partido.

Tatto negou que haja orientação para ataques diretos ao Congresso. “Nosso foco é a elite econômica. Nós demoramos dois anos e meio para acertar essa embocadura, para mobilizar o governo, o PT, a nossa base social, os setores progressistas. Infelizmente demoramos, mas agora acertamos, saímos das cordas”, disse.

Durante a reunião, lideranças incentivaram os influenciadores a criarem conteúdos próprios. “Não tem que esperar o governo, não tem que esperar o PT. Faça o que tem que ser feito. Eles querem guerra, vai ter guerra”, disse um dos participantes.

O uso de inteligência artificial e a articulação de campanhas espontâneas acendem um alerta sobre os limites da comunicação política nas redes e a escalada da polarização institucional. O Congresso ainda não comentou oficialmente os ataques.

 

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