Mensagens codificadas, punições internas e contas de Pix: a engrenagem do tráfico em MT

A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta quinta-feira (3), a Operação “Efeito Cascata”, voltada para desarticular uma complexa estrutura criminosa responsável pelo abastecimento e distribuição de drogas em Nova Mutum e região. A ação, coordenada pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf-NM), envolve o cumprimento de 26 ordens judiciais, entre buscas, apreensões e prisões preventivas.

Do total, 21 mandados são relacionados ao tráfico de drogas, três a homicídios, e dois mandados de prisão preventiva também estão ligados a crimes de homicídio. A Justiça também autorizou a quebra de sigilo telefônico e de dados dos aparelhos apreendidos durante as diligências.

Segundo o delegado Jean Paulo Ferreira Nascimento, responsável pela operação, os homicídios investigados estão diretamente conectados à disputa territorial entre grupos criminosos. “Identificamos que os assassinatos fazem parte da guerra pelo domínio de áreas estratégicas para o comércio de drogas. Os crimes não são isolados: fazem parte de uma cadeia”, afirmou.

As investigações revelaram a existência de uma rede articulada para distribuir drogas em diversos pontos de venda espalhados por Nova Mutum. Essa estrutura, composta por dezenas de integrantes, funciona com nível elevado de organização, utilizando mensagens codificadas, transferências bancárias e envio de localização para entrega e recebimento de entorpecentes.

De acordo com o delegado, os criminosos responsáveis pela comercialização direta aos usuários locais eram chamados de “lojistas”, e respondiam a uma hierarquia interna rígida. Em caso de descumprimento de ordens, o grupo aplicava “medidas disciplinares”, o que evidencia tanto a periculosidade quanto a estabilidade do esquema.

Outro ponto que chamou a atenção dos investigadores foi a sofisticação financeira da associação criminosa. Pagamentos e transferências de valores entre os membros eram feitos por meio de contas bancárias e chaves Pix registradas em nomes dos investigados, o que sugere tentativa deliberada de ocultar identidade e lavar o dinheiro proveniente do tráfico.

“Mesmo com a prisão de membros estratégicos, o grupo tem estrutura e autonomia suficientes para manter suas atividades. Isso mostra o grau de enraizamento e a necessidade de ações enérgicas como a de hoje”, pontuou o delegado.

A Polícia Civil segue com as investigações para aprofundar o alcance da rede e identificar possíveis financiadores e aliados do grupo criminoso.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *