A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (27) mais uma fase da Operação Sisamnes, que investiga a atuação de uma organização criminosa especializada no vazamento sistemático de informações sigilosas oriundas de investigações em andamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação tem impacto direto sobre operações da própria Polícia Federal.
Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na cidade de Palmas, capital do Tocantins.
Entre os presos está o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos). Ele já havia sido alvo de busca e apreensão em fase anterior da operação, ocasião em que teve o passaporte recolhido. Além dele, um advogado e um policial civil — cujos nomes não foram divulgados — também foram detidos.
Segundo a PF, as investigações apontam que informações sigilosas de processos em curso no STJ estavam sendo antecipadamente acessadas, articuladas e repassadas a investigados. A prática, conforme a apuração, contava com o envolvimento de agentes públicos, advogados e operadores externos, que usavam os dados para proteger aliados, frustrar ações policiais e fortalecer redes de influência.
A Operação Sisamnes teve início após a apreensão do celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em Cuiabá, em dezembro de 2023. As mensagens extraídas do aparelho indicaram a existência de um esquema de lobby em tribunais e gabinetes de ministros do STJ.
Em novembro do ano passado, outro advogado, Andreson Gonçalves, também apontado como lobista, foi preso durante as investigações.
Até o momento, a operação resultou no afastamento de dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso — Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho — e do juiz Ivan Lúcio do Amarante, da comarca de Vila Rica, suspeitos de envolvimento em esquema de venda de sentenças judiciais.
A Polícia Federal segue com a apuração para identificar outros integrantes e ramificações do grupo.