Um projeto de extensão da Universidade Federal do Pará (UFPA) virou alvo de forte controvérsia política e jurídica. Intitulada “Turnê das Drags: Em busca da pior do mundo”, a iniciativa cultural, que recebeu R$ 79,4 mil em recursos públicos, provocou reação da oposição no Congresso Nacional e resultou em um pedido de investigação ao Tribunal de Contas da União (TCU).
O deputado federal Evair de Melo (PP-ES) protocolou representação na Corte de Contas questionando a legalidade, a moralidade e os critérios adotados para o financiamento do evento. Segundo o parlamentar, o projeto representa um “espetáculo de gosto duvidoso” custeado com verba pública, em detrimento de demandas consideradas mais urgentes no ensino superior federal.
“Faltam recursos para bolsas de estudo, laboratórios estão sucateados, mas há verba para bancar a escolha da ‘pior drag queen do mundo’? É um evidente e perturbador conflito entre o que se espera da gestão pública e a realidade que salta aos olhos”, criticou o deputado.
Além de questionar o mérito do projeto, Melo afirmou que a transferência do recurso ocorreu sem processo licitatório, motivo pelo qual pediu apuração formal do TCU. Ele também cobrou explicações do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e responsabilizou o governo federal pela fiscalização dos gastos nas universidades.
O episódio reacende o debate sobre a autonomia universitária, o financiamento de projetos culturais com verba pública e os critérios de relevância acadêmica. Enquanto a oposição promete transformar o caso em símbolo de supostas distorções na aplicação de recursos da educação, defensores da universidade argumentam que a proposta possui valor cultural e social, promovendo diversidade e inclusão — princípios previstos em políticas públicas e diretrizes de extensão universitária.
Até o momento, a UFPA não se manifestou oficialmente sobre a denúncia. O espaço segue aberto para posicionamento.