O que antes era apenas um desconforto nos bastidores do Partido Liberal (PL) de Atibaia-SP virou, oficialmente, um escândalo político de repercussão nacional. Documentos e relatos obtidos com exclusividade por nossa reportagem revelam que o advogado Frederick Wassef vem exercendo controle direto sobre o diretório municipal da legenda sem ocupar qualquer cargo formal — nem na esfera municipal, estadual ou nacional.
A situação, que era mantida sob sigilo pela cúpula partidária, veio a público após a renúncia do então presidente municipal, Edevaldo de Oliveira. Em carta aberta, ele acusou Wassef de atuar de forma autoritária, desrespeitando os princípios democráticos e ignorando o estatuto do partido. O estopim da crise foi a emissão de uma nota oficial à imprensa assinada por Wassef em nome do PL, ato que, pelas regras internas da sigla, é restrito a seus dirigentes legalmente constituídos.
Juristas ouvidos pela reportagem classificaram a conduta como grave. “Nenhuma pessoa sem cargo dentro da estrutura formal de um partido pode emitir notas, falar em nome da instituição ou tomar decisões administrativas. Isso fere o estatuto e pode configurar abuso de poder e usurpação de função pública no âmbito partidário”, avaliou um especialista em direito eleitoral.
‘Dono informal’ do partido
Fontes ligadas ao diretório estadual confirmaram que a influência de Wassef em Atibaia não é novidade, mas que agora atingiu um nível inédito de desrespeito à hierarquia partidária. “Ele virou, na prática, o dono informal do PL em Atibaia. Quem discorda é afastado, humilhado ou silenciado”, afirmou uma liderança local, sob condição de anonimato.
A nota emitida por Wassef, sem qualquer respaldo jurídico, foi a gota d’água para uma crise que já se arrastava há meses. Lideranças municipais agora exigem providências da direção estadual e nacional, sob pena de judicialização e possível intervenção no diretório de Atibaia.
Silêncio estratégico
Procurado pela reportagem, Frederick Wassef não respondeu aos questionamentos. A direção nacional do PL também manteve silêncio sobre o episódio, o que, segundo aliados da legenda em São Paulo, tende a ampliar a pressão por respostas nos próximos dias.
O caso levanta um alerta para a condução política do PL no estado e evidencia o risco de figuras externas atuarem à margem das instâncias oficiais do partido. Com as eleições de 2026 no horizonte, Atibaia tornou-se, agora, o epicentro de uma crise que ameaça respingar no cenário estadual e nacional.