Promotor espera que autor da “Chacina de Sorriso” pegue mais de 100 anos de prisão

 

O promotor de Justiça Luiz Fernando Rossi Pipino afirmou que espera uma condenação superior a 100 anos de prisão para Gilberto Rodrigues dos Anjos, acusado de um dos crimes mais brutais da história recente de Mato Grosso. O réu irá a júri popular no dia 7 de agosto, às 8h30 da manhã, pelo estupro e assassinato de Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, e de suas três filhas: Miliani, de 19, Manuela, de 13, e Melissa, de 10 anos, crime ocorrido em novembro de 2023 em Sorriso.

O caso, que ficou conhecido como a “Chacina de Sorriso”, chocou o estado e o país pela crueldade e covardia. De acordo com a investigação, Gilberto, que trabalhava como pedreiro em uma obra ao lado da casa das vítimas, observou a rotina da família por semanas até executar os crimes. Ele estuprou Cleci, Miliani e Manuela antes de matá-las, e assassinou Melissa, a caçula, sem cometer violência sexual contra ela.

Segundo o promotor Pipino, as provas colhidas são robustas e comprovam a materialidade, a autoria e as qualificadoras que agravam as penas. “Pelo que conhecemos da legislação penal e das penas combinadas para feminicídio e crimes contra a dignidade sexual, a expectativa é de que a condenação supere os 100 anos de reclusão”, declarou.

Gilberto foi preso enquanto ainda trabalhava na obra, ao lado da cena do crime. Com ele, foram encontradas peças íntimas das vítimas, levadas como “troféus”.

Histórico violento

O acusado já possuía condenações anteriores por crimes graves. Em Lucas do Rio Verde (MT), estuprou uma vizinha e tentou degolá-la, sendo condenado a 22 anos e sete meses de prisão. No estado de Goiás, foi sentenciado a 17 anos e três meses pelo homicídio triplamente qualificado do jornalista Osni Mendes, morto por asfixia após tentativa de assédio.

O crime

A chacina foi descoberta no dia 27 de novembro de 2023, após vizinhos notarem o desaparecimento da família. A primeira vistoria policial não encontrou nada suspeito, mas na segunda visita, os corpos foram localizados dentro da residência. Cleci e Miliani estavam no corredor e as meninas mais novas, no quarto. Três delas foram achadas sem roupas, evidenciando a violência sexual.

O caminhoneiro Regivaldo Batista Cardoso, marido e pai das vítimas, estava viajando quando foi informado da tragédia. Ele havia tentado contato com a família por dois dias sem sucesso.

O júri popular está inicialmente marcado para ocorrer na comarca de Sorriso, mas a Defensoria Pública solicitou a transferência do julgamento para Cuiabá, alegando clima de revolta na cidade. O pedido ainda está sob análise.

A expectativa das autoridades e da população é de que a Justiça imponha uma pena compatível com a gravidade do crime, que abalou a sociedade mato-grossense.

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