O pesadelo das enchentes voltou a assombrar o Rio Grande do Sul. Apenas um ano após registrar a maior tragédia climática da sua história, o estado enfrenta novamente chuvas intensas, transbordamento de rios e o drama de milhares de famílias que precisaram deixar suas casas para salvar a própria vida.
Ao todo, 68 municípios relataram alagamentos, deslizamentos, estragos em residências, pontes e estradas, segundo dados da Defesa Civil atualizados na quarta-feira (18). Pelo menos 2,6 mil pessoas estão fora de casa, sendo 135 em abrigos públicos e outras 582 acolhidas por familiares ou amigos. Duas pessoas morreram e uma segue desaparecida.
Em Santa Cruz do Sul, cidade cortada por diversos rios e severamente afetada em 2024, a moradora Marli Machado buscou abrigo preventivamente. “A gente prefere perder as coisas do que perder a vida”, desabafou, emocionada.
Na cidade de Canoas, uma das mais afetadas no último desastre, a chuva ultrapassou os 150 milímetros — 130% da média prevista para o mês. Mesmo com as oito casas de bombas em funcionamento, os sistemas de drenagem não suportaram o volume de água, e os bairros ficaram novamente submersos.
Moradores relataram cenas de tensão, como vigílias noturnas para monitorar o nível da água. “Aqui, é um bairro com muitos idosos. Todo mundo fica com o coração na mão”, contou Paulo Roberto Koch, presidente da associação de moradores do bairro São Luís.
A dona de casa Oscarine Ramos também viu sua casa invadida pela água. “Chegou a dar no meio do joelho”, lamentou.
A Defesa Civil segue monitorando as áreas mais críticas, enquanto equipes municipais e voluntários atuam em resgates e no suporte aos atingidos. Crianças, idosos e famílias inteiras continuam sendo acolhidas em ginásios e centros improvisados de atendimento.
O sentimento comum entre os moradores é o de repetição do trauma. Em meio ao lodo e à tristeza, restam a solidariedade e a esperança de que o pior tenha passado.