MST denuncia maquiagem em dados da Reforma Agrária e Governo Lula nega

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acusou o governo Lula (PT) de divulgar dados inflados sobre a reforma agrária e rompeu o diálogo com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Segundo a liderança do movimento, os números apresentados não refletem a realidade dos camponeses e servem apenas como propaganda institucional, sem efeitos concretos para as famílias acampadas.

De acordo com o MST, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) estaria incluindo como “terras entregues” áreas que ainda não possuem decisão judicial que reconheça sua desapropriação, o que impede os assentados de acessar políticas públicas como crédito rural e apoio à produção.

“Se o presidente tivesse conhecimento dessa incompetência, o Paulo Teixeira já teria sido demitido”, afirmou Silvio Netto, da coordenação nacional do MST, em entrevista à Folha de S.Paulo.

O Acampamento Quilombo Campo Grande, localizado em Campo do Meio (MG), tornou-se símbolo do impasse. Mesmo após o presidente Lula ter visitado o local em março e assinado decretos de desapropriação, o processo não avançou e os lotes continuam sem homologação judicial. Ainda assim, constam na lista oficial de áreas entregues.

 

Em nota, o MDA negou qualquer tentativa de maquiar os dados e alegou que contabiliza áreas com análise técnica finalizada e recursos reservados para a desapropriação. Sobre o caso de Campo do Meio, o governo afirma que a Procuradoria do Incra está finalizando a ação para ser encaminhada à Justiça e que o processo está dentro do prazo legal, que prevê até dois anos para a regularização formal após a assinatura dos decretos.

O clima de insatisfação levou o MST a exigir a substituição de Paulo Teixeira e a discutir novas mobilizações como forma de pressão.

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