Bolsonaro e aliados são acusados de rastrear ministros e jornalistas ilegalmente

 

 

A Polícia Federal (PF) concluiu e enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório do inquérito que apura o uso ilegal de sistemas de monitoramento na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em esquema que ficou conhecido como “Abin Paralela”.

Entre os mais de 30 indiciados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) — ex-diretor da Abin — e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). Também foram indiciados nomes da atual cúpula da agência, como o diretor-geral Luiz Fernando Corrêa, sob suspeita de obstrução das investigações.

Durante as diligências, agentes da PF relataram tentativas de ocultação de provas, como a remoção de computadores da sede da Abin, que só foram encontrados posteriormente.

Sistema de espionagem ilegal

O relatório revela que o grupo utilizou de forma irregular o sistema de geolocalização FirstMile, desenvolvido por uma empresa israelense, para rastrear ministros do STF, deputados federais e jornalistas. A ferramenta teria sido usada especialmente em 2021, período pré-eleitoral, permitindo monitorar até 10 mil celulares por ano durante os três primeiros anos do governo Bolsonaro.

As ações foram realizadas à margem da estrutura legal da Abin, caracterizando, segundo a PF, uma estrutura paralela de vigilância.

Áudio reforça suspeitas

Um dos principais elementos da investigação é a gravação de uma reunião de 2020, tornada pública em julho de 2024. No áudio, Jair Bolsonaro, Ramagem e advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) discutem formas de monitorar auditores da Receita Federal responsáveis pelo caso das “rachadinhas” no gabinete de Flávio.

Na gravação, Ramagem sugere o uso de procedimentos administrativos para remover servidores da Receita, com o objetivo de interromper as investigações. Bolsonaro aparece participando ativamente da conversa.

À época, Ramagem negou irregularidades e afirmou que o ex-presidente “não queria jeitinhos”. Já Flávio Bolsonaro declarou que a reunião apenas tratava da suspeita de perseguição política por parte de servidores da Receita.

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