O vereador Rafael Ranalli (PL) afirmou nesta semana que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve ser preso ao fim do julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura uma suposta tentativa de golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar da previsão, o parlamentar cuiabano relativizou as acusações e chamou a investigação de “narrativa”.
“Provavelmente será preso porque está tudo induzindo a isso. Porém, eu fico com o depoimento do Cid, que vi ontem, que exime de toda forma o Bolsonaro e o suposto envolvimento. Ninguém assinou nada, ninguém teve coragem de assinar, não botou no papel. Quer dizer, é o golpe fake, né?”, declarou Ranalli.
O vereador também ironizou os que acreditam na articulação de uma ruptura institucional. “Quem que ia tomar uma república sem Exército, sem Marinha e sem Aeronáutica?”, questionou, insinuando que não haveria respaldo das Forças Armadas para um plano desse tipo.
As declarações de Ranalli ocorrem enquanto o STF conduz uma série de interrogatórios com os acusados do chamado “núcleo 1” da suposta trama. Nesta terça-feira (10), o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, foi o primeiro a ser ouvido. Ele é apontado pela Polícia Federal como um dos militares que teriam colocado tropas à disposição de Bolsonaro em 2022, para ações que poderiam barrar a posse do então presidente eleito Lula.
Na segunda-feira (9), Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, confirmou à Justiça ter participado de uma reunião com proposta de decretação de estado de sítio e prisão de ministros do STF. Cid também relatou ter recebido dinheiro do general Braga Netto para entregar ao major Rafael de Oliveira, integrante do grupo de elite conhecido como “kids-pretos”.
Outro depoente, Alexandre Ramagem — ex-diretor da Abin —, negou envolvimento em suposto monitoramento ilegal de autoridades do Judiciário.
A fase de interrogatórios segue até sexta-feira (13). O julgamento final está previsto para o segundo semestre. Caso sejam condenados, os réus podem enfrentar penas superiores a 30 anos de prisão.