Em entrevista concedida à revista VEJA nesta semana, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) elevou o tom contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem acusou de comandar o que chamou de “regime de exceção”. Segundo ele, o Judiciário brasileiro estaria ultrapassando os limites constitucionais e perseguindo adversários políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante a conversa, realizada em Dallas, nos Estados Unidos, Eduardo revelou que tem articulado com autoridades americanas uma série de medidas contra Moraes. Entre os pedidos, estão a restrição de entrada do ministro em território norte-americano e o bloqueio de eventuais bens ou movimentações financeiras em solo estrangeiro. O parlamentar afirma que o caso foi levado ao senador Marco Rubio, atual secretário de Estado, que teria demonstrado interesse após anunciar recentemente uma nova diretriz voltada contra estrangeiros que atentem contra liberdades civis.
A entrevista ocorre em meio a um novo capítulo da crise entre o Supremo e o campo bolsonarista. Moraes autorizou a abertura de um inquérito contra Eduardo Bolsonaro, sob suspeita de que o parlamentar esteja articulando interferência internacional contra uma autoridade brasileira. No mesmo despacho, o ministro também determinou que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja interrogado para apurar possível envolvimento nas tratativas.
Eduardo Bolsonaro também usou a entrevista para sinalizar, pela primeira vez de forma clara, que poderá disputar a Presidência da República em 2026. “Se essa missão me for dada pelo meu pai, eu estarei pronto”, afirmou. Ele aproveitou para atacar o governo Lula, classificando a gestão petista como um retrocesso nas áreas de economia e segurança pública. Ainda assim, reconheceu que houve falhas de comunicação e articulação política durante o governo anterior.
As declarações de Eduardo repercutiram fortemente em Brasília e foram vistas por analistas políticos como um gesto inédito: a busca por sanções internacionais contra um ministro da Suprema Corte pode representar não apenas uma escalada no embate entre os Poderes, mas também gerar consequências diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. O movimento, além de alimentar a instabilidade institucional, pode colocar em xeque princípios de soberania e equilíbrio republicano.
Mesmo assim, Eduardo Bolsonaro demonstrou confiança no sucesso de sua ofensiva internacional: “Não dá para falar em 100%, mas eu diria que há 99% de chance do Alexandre de Moraes ser punido”, disse.
A entrevista marca mais um capítulo na tensão contínua entre os Poderes da República e evidencia o uso do discurso internacional como estratégia política por parte de líderes da oposição bolsonarista.