Operação Placebo, deflagrada em 2022, desmantelou grupo que trocava cargas por material adulterado e vendia o produto roubado com notas fiscais falsas
A Justiça de Mato Grosso condenou os integrantes de uma organização criminosa desarticulada pela Operação Placebo, deflagrada em abril de 2022. O grupo era responsável por furtos, roubos e estelionatos relacionados a carregamentos de fertilizantes agrícolas, causando prejuízo estimado em R$ 18 milhões a empresas e produtores rurais do estado.
As investigações, conduzidas pelo Gaeco, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Judiciária Civil e Polícia Militar, revelaram que a quadrilha atuava com diversos métodos ilícitos, inclusive cooptando motoristas para desviar cargas durante o transporte. Os fertilizantes eram substituídos por materiais adulterados, como sal grosso pintado com corante vermelho, areia e varredura, que eram entregues aos destinatários.
Para legalizar o produto roubado, os criminosos utilizavam empresas de fachada e notas fiscais falsas. As cargas desviadas eram revendidas a receptadores, enquanto os verdadeiros compradores recebiam materiais falsificados, o que comprometia as safras e resultava em prejuízos ao agronegócio mato-grossense.
As condenações
O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, fixou penas que variam de 7 anos e 3 meses até 2 anos e 9 meses de reclusão. Os principais nomes do esquema, Francisco de Assis Costa, Leandro Martins Pinto e Marcelo Fernandes Pim, foram condenados a 7 anos, 3 meses e 18 dias de prisão em regime fechado.
Já Maurício dos Reis, apontado como líder e proprietário do local onde as cargas eram adulteradas, foi sentenciado a 6 anos e 9 meses. Outros envolvidos, como Júlio Cezar de Oliveira Silva e Leandro Souza Pinto, receberam penas menores, variando de 7 anos a 2 anos e 9 meses.
Todos os réus poderão recorrer em liberdade, pois já haviam sido soltos durante o andamento do processo.
Perda de bens e alienação de veículos
A decisão também determinou a perda definitiva dos bens apreendidos durante a operação, como celulares, notebooks e equipamentos utilizados nos crimes. Além disso, autorizou a alienação antecipada de veículos para evitar sua desvalorização e garantir que os recursos sejam revertidos em indenizações às vítimas.
A sentença destacou que o grupo prejudicou empresas como Yara Brasil, Cibrafértil, Mosaic, além de transportadoras e agenciadoras de cargas. O esquema, segundo o magistrado, não apenas causava danos materiais, mas comprometia a segurança e o abastecimento agrícola em todo o Estado de Mato Grosso.