Em meio a um cenário macroeconômico que classifica como “difícil de prever”, o CEO do Grupo Casas Bahia, Renato Franklin, tem conduzido a companhia com foco em fatores que estão sob seu controle. À frente da empresa há dois anos, Franklin afirma que a decisão de adotar medidas mais duras e realistas foi acertada, especialmente diante de um ambiente econômico que surpreendeu negativamente.
“Foi acertada nossa decisão de fazer movimentos mais duros, para não ter de contar com a melhora do macro – que acabou se confirmando até pior”, disse o executivo em entrevista ao programa InfoMoney Entrevista. Ele lembrou que, até o ano passado, havia a expectativa de queda nos juros brasileiros, que acabou se revertendo em novas altas.
Apesar da dificuldade do ambiente externo, Franklin reconhece os efeitos diretos de um mundo em transformação. A nova política tarifária dos Estados Unidos, por exemplo, já começa a impactar os preços de segmentos da indústria. Segundo ele, essa dinâmica abriu oportunidades para o mercado brasileiro. “Estamos fazendo preços melhores para o Dia das Mães do que na Black Friday – e por investimento da indústria”, afirmou, destacando que o Brasil passou a ser visto como uma alternativa estratégica para fornecedores internacionais, menos afetado que outros países pelo recente “tarifaço”.
Na mesma entrevista, o CEO também abordou as recentes movimentações de acionistas relevantes, como Rafael Ferri e Michael Klein, que causaram instabilidade nas ações da companhia nas últimas semanas. Franklin, no entanto, minimizou os impactos sobre a gestão. “Não há discussões sobre a estratégia que adotamos. Todos os lados acreditam que o maior crescimento está na loja física e no crediário, e que precisamos ajustar a estrutura de capital. Todo mundo quer lucro mais do que crescimento”, completou.
Para 2025, a perspectiva de Franklin é de um mercado estável, sem crescimento relevante mesmo com possíveis incentivos. A aposta da companhia continua sendo a reestruturação, com foco na operação física e na rentabilidade, mirando um modelo de negócios mais resiliente, independente de fatores macroeconômicos.