A ESPN suspendeu por um dia os jornalistas que participaram da edição do programa Linha de Passe exibido na última segunda-feira (7), que foi dedicada à reportagem da revista Piauí sobre o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. A decisão gerou desconforto interno e indignação entre os profissionais envolvidos.
Foram afastados temporariamente os jornalistas Dimas Coppede, Gian Oddi, Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida, Victor Birner e William Tavares. A suspensão foi noticiada por veículos como Folha de S.Paulo e UOL.
Segundo apuração da coluna F5, da Folha, a CBF não fez um pedido formal de retratação, mas membros da cúpula da entidade teriam expressado insatisfação com o conteúdo abordado. A ESPN, por sua vez, alegou internamente que não houve censura, mas que a pauta deveria ter sido discutida previamente com o setor de jornalismo da casa.
Um indício do desconforto foi a ausência de cortes ou trechos do programa nas redes sociais oficiais da ESPN — uma prática incomum para a atração. A edição ficou disponível apenas no Disney+, serviço de streaming do grupo.
O episódio gerou ainda mais polêmica por ocorrer no mesmo dia em que Galvão Bueno, em seu programa na Band, cobrou publicamente uma apuração formal sobre os fatos revelados pela reportagem da Piauí.
“O Ministério Público tem a obrigação de abrir investigação sobre isso. Ministério Público, por favor, em nome do futebol brasileiro!”, disse Galvão.
Nos bastidores, Ednaldo também teria demonstrado incômodo com a fala do ex-narrador, embora nenhuma queixa formal tenha sido registrada contra ele.
A ESPN ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Já a CBF negou qualquer tentativa de interferência editorial, afirmando, em nota, que “respeita a liberdade de imprensa com responsabilidade e não pede interferências de nenhum tipo na linha editorial de veículos de comunicação”.
Os profissionais suspensos devem retornar normalmente ao Linha de Passe na noite desta quarta-feira (9).
Este é o segundo atrito recente entre a CBF e jornalistas: também nesta semana, o repórter João Paulo Cappellanes, da Band, virou réu após chamar Ednaldo Rodrigues de “frouxo” durante o programa Jogo Aberto.