Globo pode lançar novela conservadora após perder público

 

A TV Globo está avaliando produzir, pela primeira vez de forma explícita, uma novela com temática conservadora. A informação foi revelada pelo jornalista Ricardo Feltrin, em vídeo publicado no YouTube. Segundo ele, a mudança de postura é uma resposta direta a pesquisas internas que indicam o afastamento de parte do público tradicional da emissora — principalmente evangélicos e conservadores — devido ao excesso de conteúdos com viés progressista.

De acordo com Feltrin, a pesquisa qualitativa “Espelho do Brasil”, realizada com milhares de brasileiros, mostrou que há saudade de tramas com valores tradicionais, como os que marcaram a teledramaturgia da Globo em décadas anteriores. Essa seria a segunda pesquisa do tipo nos últimos anos, e seus resultados começaram, agora, a surtir efeito prático nos bastidores da emissora.

Uma das ações já vistas nesse sentido foi a exibição de personagens evangélicos em “Vai na Fé”, além da reprise do documentário “Crentes Além dos Muros” no Fantástico — que bateu recorde de audiência em 2024 com 18 pontos — e sua estreia na GloboNews. A emissora também anunciou cobertura da Marcha para Jesus, algo raro até então.

Apesar dessas tentativas, Feltrin afirma que a Globo ainda não conseguiu reconquistar o público conservador e religioso. Segundo ele, resistências internas continuam dificultando mudanças mais profundas. Um exemplo citado foi a rejeição, no fim de 2023, de um projeto do diretor Jayme Monjardim para uma novela com temática 100% católica, chamada “Romaria”, temendo desagradar os evangélicos.

Um dos pontos mais polêmicos da análise de Feltrin é a possível reaproximação da emissora com a atriz Regina Duarte, ex-secretária de Cultura no governo Bolsonaro. Ele afirma que Regina está sendo considerada para protagonizar a próxima novela das 21h, o que indicaria uma mudança editorial significativa, embora haja forte resistência interna.

Feltrin avalia que a Globo vive uma encruzilhada: ou insiste em narrativas progressistas, voltadas para um público mais restrito, ou tenta recuperar audiência apostando em tramas que reflitam os valores da maioria dos brasileiros. “Histórias simples”, resume o jornalista.

Ao final, Feltrin pondera se a mudança de rumo pode ter vindo tarde demais. “Quem sabe esse público nunca mais volte?”, questiona, lembrando de outras tentativas frustradas de aproximação, como o Festival Promessas, promovido pela emissora no passado.

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