O volume de dinheiro movimentado mensalmente pelas apostas esportivas de cota fixa — conhecidas como bets — pode chegar a impressionantes R$ 30 bilhões, segundo estimativas do Banco Central (BC). A informação foi apresentada nesta terça-feira (8/4) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado Federal.
“De janeiro a março, esse valor que a gente acompanha para efeito de atividade gira em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por mês, ratificando aquilo que a gente tinha estimado no final do ano passado”, afirmou Rogério Lucca, secretário executivo do BC.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, também participou da sessão como convidado e respondeu a questionamentos dos parlamentares sobre a atuação da instituição em relação ao setor de apostas. Ele foi enfático ao dizer que o Banco Central não possui atribuições para impedir ou fiscalizar transações financeiras feitas com recursos de programas sociais, como o Bolsa Família, quando destinados às apostas.
“Não está dentro da nossa competência, nem escopo, nem temos atribuição para isso”, explicou.
Galípolo também destacou que o BC atua na fiscalização de instituições de pagamento com foco no combate à lavagem de dinheiro, financiamento ao terrorismo e armas de destruição em massa, mas não tem mandato legal para sancionar operadores que intermedeiem apostas ilegais.
“Se tem alguém autorizando ou permitindo o pagamento de alguma bet que não está regularizada, não temos competência para intervir ou sancionar”, afirmou o presidente do BC.
Além disso, ele ressaltou que a instituição não pode compartilhar dados do Pix que identifiquem apostadores ou plataformas de apostas, por conta das limitações legais de sigilo bancário.
Na quinta-feira (10/4), a CPI das Bets continuará os trabalhos com o depoimento da influenciadora digital Deolane Bezerra, convocada como testemunha. A comissão apura possíveis irregularidades no setor de apostas esportivas e sua relação com influenciadores digitais.
