O professor de Educação Física do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), campus Cuiabá, afastado nesta semana após denúncias de assédio sexual contra pelo menos 24 alunas, já havia sido denunciado em 2014 por importunar adolescentes de 16 anos dentro do vestiário feminino da instituição.
Na ocasião, duas estudantes registraram boletim de ocorrência relatando que o servidor as convenceu a entrar no vestiário para supostamente tirar fotos de credenciais escolares. Lá, além de fotografar rosto e corpo inteiro das jovens, teria abraçado ambas por trás, em uma prática conhecida como “encoxada”. Uma terceira aluna relatou ter sido vítima do mesmo comportamento.
O caso resultou em processo administrativo e penal, mas, em 2017, a Justiça arquivou a ação sob a justificativa de “atipicidade da conduta”. Segundo a decisão, o ato não se configurava como crime de importunação ofensiva ao pudor, pois não teria ocorrido em local público, requisito previsto em lei na época para caracterização do delito.
Agora, dez anos depois, novas acusações expõem um padrão de comportamento do professor. Alunas dos cursos técnicos de Edificações e Agrimensura afirmam que o docente registrava imagens e vídeos sem autorização, sugeria que fossem às aulas de short curto e chegava a manter o portão fechado durante treinos de vôlei, impedindo a visão externa do espaço. Há relatos de que ele chegou a ter ereção em meio às estudantes.
Na última terça-feira (30), o IFMT determinou o afastamento imediato do professor por 60 dias, com proibição de entrada no campus e bloqueio de acesso ao sistema eletrônico da instituição. A Polícia Civil e a Polícia Federal investigam as denúncias, que partiram de mães das alunas.
O caso reacende debates sobre como falhas em decisões judiciais e administrativas podem permitir a continuidade de práticas abusivas em ambientes escolares, colocando em risco adolescentes e jovens mulheres.