Rapper e criador de conteúdo foi premiado na categoria Mídias Sociais e celebra fase marcante da carreira

Na noite da última segunda-feira (29), o Teatro Universitário da UFMT foi palco de uma celebração marcada por emoção, representatividade e afirmação de identidade: a 4.ª edição do Prêmio Jejé de Oyá – Território. Entre os nomes homenageados, um dos grandes destaques foi o rapper e criador de conteúdo Micos Brown, que recebeu o prêmio na categoria Mídias Sociais. A honraria chega em um momento de virada para o artista, que em 2025 celebra duas décadas de trajetória construída com autenticidade, talento e uma presença marcante nas mais diversas expressões culturais.

Micos iniciou sua carreira no cenário underground, mas hoje circula com naturalidade entre grandes nomes da música, do cinema e da publicidade. No cinema, brilhou no longa “5 Tipos de Medo”, dirigido por Bruno Bini, onde contracenou com nomes como Xamã e Bella Campos. O filme foi um sucesso, conquistando quatro Kikitos no tradicional Festival de Gramado, e marcou mais uma faceta do artista, que mostrou ter carisma também diante das câmeras.

No ambiente digital, o rapper conquistou o público com sua voz potente e conteúdo de impacto. Mesmo após ter seu canal no YouTube hackeado em agosto, um espaço com mais de 50 mil inscritos e mais de 10 milhões de visualizações, Micos se manteve firme, resiliente, e seguiu ampliando horizontes. O Prêmio Jejé de Oyá, nesta categoria, reconhece não apenas seu alcance online, mas também a potência de sua voz como referência cultural negra em Mato Grosso.

A música também tem sido palco de grandes momentos em sua carreira recente. Em uma parceria histórica, Micos lançou uma canção em homenagem aos 306 anos de Cuiabá, ao lado do ícone Pescuma e com produção de Vinera. Em entrevista, o rapper afirmou que esse projeto teve um significado especial: “Sempre admirei o Pescuma, além da amizade que temos. Esse ano consegui viver a alegria de assinar uma composição com uma das maiores referências culturais do nosso estado.”

A publicidade, por sua vez, também abriu espaço para o artista, que estrelou recentemente a campanha da marca Domani, ao lado do influenciador Xomano. A peça está em exibição pela afiliada da Globo em todo o estado, reafirmando o reconhecimento comercial e midiático do seu trabalho.

O Prêmio Jejé de Oyá, promovido pela Bemtivi Academia de Arte e idealizado por Jeferson Bertoloti, foi realizado pela primeira vez dentro do Teatro Universitário da UFMT, como uma forma simbólica de transformar espaços acadêmicos em territórios de pertencimento negro. Com o tema “Território”, a premiação deste ano buscou conectar as lutas e narrativas locais às tradições e saberes africanos, reforçando a importância de ocupar fisicamente e simbolicamente os espaços sociais. Segundo Bertoloti, “o prêmio não é só uma homenagem, é um grito de resistência. Ocupar os espaços de arte, de cultura e de poder é dizer que estamos aqui, que temos voz e que sempre existimos.”

Além de Micos Brown, outras personalidades negras foram homenageadas em diversas categorias, entre elas a chef quilombola Deni Correa, da Chapada dos Guimarães, a professora universitária Carolina Joana da Silva, o jornalista Kleber Lima, a cantora Gê Lacerda, a técnica de ginástica artística Flávia Zelinda e a escritora Edilene Rodriguez. Homenagens especiais também foram feitas ao professor Ivo Gregório de Campos, à delegada Nubya Beatriz Gomes Reis e às manifestações culturais Dança do Chorado e Dança do Congo, da cidade histórica de Vila Bela da Santíssima Trindade.

Em meio a tantos reconhecimentos, Micos Brown expressou surpresa e gratidão pela intensidade deste momento de sua carreira.

“É loucura tudo isso acontecer justamente no ano em que menos produzi conteúdo. Mas sei que é reflexo da minha caminhada e dos projetos em que assinei com muito prazer. Esse reconhecimento me deu gás para voltar aos palcos e representar ainda mais Mato Grosso. Só posso prometer uma coisa: vem muita novidade por aí”, comenta.

O Prêmio Jejé de Oyá se consolida como um dos mais importantes espaços de valorização da cultura negra em Mato Grosso. Mais do que uma cerimônia, é um gesto coletivo de afirmação, ancestralidade e futuro. E Micos Brown, com sua trajetória plural e potente, é hoje um dos nomes que melhor traduzem essa nova geração de artistas que ocupam territórios com arte, resistência e representatividade.

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