Zambelli diz esquecer detalhes por “estar sem falar português”

A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) surpreendeu ao justificar falhas de memória durante depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara nesta quarta-feira (24). Conectada por videoconferência da Itália, onde aguarda decisão sobre pedido de extradição, afirmou que está “há muito tempo sem falar português”.

“Não tenho onde pesquisar. Então, tem coisas que eu não lembro. Inclusive, muito tempo sem falar português, porque eu não tenho com quem falar português aqui”, disse a parlamentar.

Zambelli é alvo de processo que pode levar à cassação de seu mandato, após condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) por participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o hacker Walter Delgatti. O grupo teria tentado adulterar documentos oficiais, incluindo a emissão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

Durante o depoimento, a deputada acusou Moraes de perseguição política. Segundo ela, o ministro teria buscado isolá-la, atingindo inclusive familiares. “Soube, por pessoas próximas dele, que ele queria me estrangular mesmo, no sentido de eu não ter nada, nem ninguém perto de mim”, declarou.

Zambelli relatou o bloqueio das contas bancárias do marido, Aginaldo, e a suspensão das redes sociais do filho de 17 anos e da mãe. Emocionada, mostrou a foto do filho aos parlamentares. “Quando estou aqui na Itália, as despesas eram feitas pelo meu marido, e aí bloquearam todas as contas dele. (…) Não tem como não ser perseguição”, disse.

Negando ter financiado diretamente Delgatti, Zambelli afirmou que o hacker foi subcontratado por uma empresa de divulgação de mandato. Segundo ela, havia previsão de pagamento de R$ 10 mil, mas apenas R$ 3 mil foram repassados porque o serviço não foi cumprido.

O processo na CCJ está sob relatoria do deputado Diego Garcia (Republicanos-PR). O colegiado já ouviu também Walter Delgatti e o perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes no TSE. Após a fase de oitivas, o relator apresentará parecer, que será votado na comissão e, em seguida, submetido ao plenário.

Zambelli está licenciada do cargo desde que obteve autorização de 127 dias dada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Sua vaga é ocupada temporariamente pelo suplente Coronel Tadeu (PL-SP).

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