Nesta quinta-feira (18), a vereadora Maysa Leão (Republicanos) fez um pronunciamento marcado pela emoção e coragem na tribuna da Câmara Municipal de Cuiabá. Ao relatar a história de uma jovem de 23 anos que buscou ajuda diversas vezes na rede pública de saúde e, sem respostas efetivas, acabou tirando a própria vida, a parlamentar cobrou medidas urgentes da Prefeitura.
“Receber essa mãe foi muito difícil para mim. A filha dela pediu socorro na Policlínica do Coxipó, na UBS, na UPA e até no CAPS. No dia 23 de abril, ela chegou ao CAPS dizendo que não aguentava mais viver, que já havia tentado suicídio antes e que tentaria novamente. Três dias depois, cumpriu o que havia anunciado. Eu não tenho o que responder a essa mãe. A filha dela não volta mais”, disse Maysa, visivelmente emocionada.
A vereadora destacou que a situação expõe a falência da rede de saúde mental de Cuiabá. “Os CAPS estão sucateados, sem estrutura mínima para atender. Eu destinei emendas para melhorar esses espaços, mas a aplicação não acontece. R$ 150 mil para cada unidade não resolve tudo, mas garante o básico, como cadeira para sentar, equipamentos que funcionem e condições dignas para profissionais que se desdobram diariamente”.
Maysa também denunciou o desmonte da Unidade de Referência em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (URPICS), que no último ano atendeu mais de 12 mil pessoas. “Não faz sentido desmontar um serviço que funciona. Enquanto isso, famílias desesperadas não têm para onde levar seus filhos em surto. Essa jovem pediu ajuda e foi mandada para casa, de volta para a morte. Ela é uma, mas não está sozinha. Existem muitas outras na mesma situação”.
Sem data prevista, a vereadora questionou a promessa de inauguração do CAPS III. “Até hoje não temos uma data. Quando essas pessoas entram em surto, vão para o HMC, onde há um setor de psiquiatria que faz o que pode, mas sem estrutura adequada. E depois, vão para onde? Eu não tenho mais resposta”.
Maysa encerrou lembrando que o debate sobre saúde mental não pode se limitar ao mês de setembro. “O Setembro Amarelo está acabando, mas a dor das famílias continua. Não adianta ostentar um laço amarelo sem dar condições reais de atendimento. Essa mãe me disse: ‘vim aqui para que não aconteça com o filho dos outros’. É por isso que continuo exigindo que a Prefeitura inaugure o CAPS III e fortaleça os serviços existentes. Não podemos perder mais vidas por falta de resposta do poder público”.