“Motivação da Casa Branca é política”, diz Lula sobre sanções de Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou neste domingo (14) um artigo no jornal americano The New York Times, no qual acusa a Casa Branca de agir por “motivações políticas” ao impor tarifas e sanções contra o Brasil. Em resposta direta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula disse manter-se aberto ao diálogo, mas ressaltou que a soberania nacional não está em negociação.

“Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos”, escreveu o petista, ao justificar que decidiu escrever o texto para “estabelecer um diálogo aberto e franco” com o governo norte-americano.

A tensão diplomática se intensificou após Trump criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) em uma rede social, classificando como “caça às bruxas” a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. Pouco depois, o republicano anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e aplicou sanções contra ministros do STF, como Alexandre de Moraes, e do governo federal, como Alexandre Padilha.

Lula rebateu as acusações, elogiou a atuação do Supremo e afirmou sentir “orgulho” pela decisão que classificou como “histórica”. “O julgamento foi resultado de um processo realizado de acordo com a Constituição de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar”, escreveu, destacando ainda as provas de que havia planos para assassinar autoridades brasileiras e anular as eleições de 2022.

No artigo, o presidente também negou que o sistema de justiça brasileiro persiga empresas de tecnologia dos EUA, afirmando que todas as plataformas digitais, nacionais ou estrangeiras, seguem as mesmas leis.

Apesar da crítica severa às medidas de Trump, Lula tentou preservar espaço para cooperação bilateral. “Não há diferenças ideológicas que devam impedir dois governos de trabalharem juntos em áreas onde têm objetivos comuns”, disse, acrescentando: “Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão sobre a mesa”.

O petista encerrou o texto lembrando um discurso do próprio Trump na ONU, em 2017, quando o americano exaltou o respeito entre nações soberanas. “É assim que vejo a relação entre Brasil e Estados Unidos: duas grandes nações capazes de se respeitarem e cooperarem para o bem de brasileiros e americanos”, concluiu.

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