O jornalista William Bonner, 61 anos, comunicou nesta segunda-feira (1) que deixará a apresentação do Jornal Nacional depois de quase três décadas à frente do principal telejornal da TV Globo.
O anúncio coincidiu com a celebração dos 56 anos do programa. Bonner seguirá no posto até o dia 3 de novembro, quando será substituído por César Tralli, 54 anos, atualmente apresentador do Jornal Hoje. Renata Vasconcellos, sua parceira de bancada desde 2014, continuará no telejornal.
Após a despedida do JN, Bonner passa a integrar o Globo Repórter, onde dividirá a apresentação das edições de sexta-feira com Sandra Annenberg. No comunicado feito ao vivo, o jornalista destacou que essa transição marca uma nova fase de sua carreira.
Trajetória no Jornal Nacional
Bonner se tornou o âncora mais duradouro da história do JN desde a estreia do telejornal em 1969. Ao longo de 29 anos, conduziu a cobertura de alguns dos maiores acontecimentos do noticiário, entre eles os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York — episódio que, segundo ele, “mudou o curso da história”. Também emocionou-se ao relatar a morte de colegas como Tim Lopes e Cid Moreira, a voz mais icônica da televisão brasileira.
Além da função de apresentador, que assumiu em 1996, Bonner acumulou a partir de 1999 o cargo de editor-chefe do telejornal, posição que manteve até agora.
Ele foi responsável por modernizar a linguagem do JN, dando mais dinamismo às passagens, adotando planos de câmera abertos e incentivando conversas informais com repórteres ao vivo. Também tornou a seleção de notícias mais criteriosa, abandonando a tentativa de cobrir todos os assuntos do dia.
Do início à liderança
Sua estreia no telejornal ocorreu em 1º de abril de 1996, ao lado de Lillian Witte Fibe, substituindo Cid Moreira e Sérgio Chapelin. A mudança marcou uma reformulação profunda, quando jornalistas passaram a ocupar a bancada em vez de apenas locutores.
Pouco tempo depois, em 1998, Fátima Bernardes assumiu o posto de Witte Fibe, formando dupla com Bonner até 2011, quando Patrícia Poeta entrou em cena. Em 2014, Renata Vasconcellos passou a dividir a bancada com ele, parceria que dura até hoje.
Com a saída de Bonner, o cargo de editor-chefe do JN será ocupado por Cristiana Souza Cruz, que já liderou o escritório da Globo em Nova York, passou pela GloboNews e, nos últimos seis anos, atuou como editora-adjunta ao lado de Bonner.
Nova fase
No Globo Repórter, Bonner voltará a exercer também o papel de repórter, mas sem funções de chefia. Ele revelou que essa foi uma condição acordada com a emissora:
“É muito desgastante. Não tenho ilusão nenhuma de que isso vá melhorar, mas tenho casca. Só queria parar enquanto tiver saúde para aproveitar”, afirmou.
Perfil
William Bonemer Júnior (São Paulo, 16 de novembro de 1963), mais conhecido como William Bonner, é jornalista, publicitário e apresentador de telejornais brasileiro.
Nascido na capital paulista, Bonner viveu no bairro do Tatuapé até os 7 anos de idade, quando se mudou com a família para Higienópolis. Em 1989, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde consolidou sua carreira na televisão.
Em 1982, prestou vestibular para Comunicação na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e para Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Aprovado em ambas, optou pelo curso da USP, no qual se formou em 1990.
Sua trajetória profissional começou em 1983 como redator publicitário. No ano seguinte, passou a atuar como locutor da Rádio USP FM, onde apresentou o programa Trilha Sonora até 1986. Nesse mesmo período, ingressou na TV Bandeirantes de São Paulo, atuando como locutor e apresentador.
Em junho de 1986, Bonner foi convidado a integrar a TV Globo de São Paulo, assumindo a função de apresentador e editor do SPTV.
Dois anos depois, tornou-se também apresentador do Fantástico. Em 1989, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a apresentar o Jornal da Globo até 1993, ao lado de Fátima Bernardes. Entre 1994 e 1996, esteve no comando do Jornal Hoje, cargo no qual acumulou também a função de editor-chefe.
A partir de abril de 1996, Bonner passou a apresentar o Jornal Nacional. Três anos mais tarde, em 1999, assumiu também o cargo de editor-chefe do telejornal, posição que ocupa até hoje.
Filho do médico William Bonemer (falecido em 2016) e de Maria Luisa (falecida em abril de 2019), Bonner descende de imigrantes libaneses.
Na vida pessoal, casou-se em 1990 com a jornalista Fátima Bernardes, com quem teve trigêmeos — Vinícius, Laura e Beatriz — nascidos em 21 de outubro de 1997. O casamento terminou em 2016. Desde 2018, é casado com a fisioterapeuta Natasha Dantas, com quem iniciou relacionamento em novembro de 2017. (Foto: divulgação; Fonte: Folha de SP)
